Os abutres
Os Abutres
De
Artur Agostinho
Artur Agostinho nasceu em Lisboa, no dia 25 de Dezembro de 1920. Iniciou a sua actividade profissional como locutor de rádio, tendo ingressado aos 25 anos na Emissora Nacional. Foi jornalista desportivo, actor e apresentador de programas e concursos. Participou nos filmes “Capas Negras” (1947); “O Leão da Estrela” (1947); “Cantiga da Rua” (1949); “Sonhar é Fácil” (1951); “ Dois Dias no Paraíso” (1957); “O Tarzan do 5º Esquerdo” (1958) e “ Encontro com a Vida” (1960). Participou em programas de televisão, tais como: “No Tempo Em Que Você Nasceu”; “Curto-Circuito” e nas séries e telenovelas, “Clube das Chaves”; “Ana e os Sete”; “Sonhos Traídos”; “Ganância”; “Casa da Saudade” e “Tu e Eu”.
Foi na série “Ana e os Sete” que tive a oportunidade de ver, pela primeira vez, Artur Agostinho como actor, fiquei surpreendida com o seu notável talento para a representação, a que não será alheia, certamente, a intrínseca e particular faceta para comunicação.
“Os Abutres” é um romance da autoria de Artur Agostinho que nos traz um intrigante trama, onde não faltam os elementos essenciais e necessários para captar a curiosidade do leitor. Antes de mais, quero realçar a linguagem acessível, fluida e escorreita que nos é apresentada neste livro e, nem outra coisa seria de esperar, tendo em conta o seu autor! A história desenrola-se em torno de José Luís Marques que, vindo do nada, viu um dia nascer, fruto do seu carácter determinado e empreendedor, a sua própria empresa, a ETC (Empreendimentos Turísticos e Construções)! Como qualquer empresário bem sucedido, melhor ainda, um novo-rico, José Luís Marques desenvolveu o gosto pelo requinte, pelo caro…Nem que fosse por uma questão de estatuto, tendo em dada altura, aderido à elitista modalidade desportiva, o golfe, cuja prática, além de prometer saúde, proporcionava alegres e descontraídos convívios entre os seus amigos e parceiros de jogo. Eis que um dia, Herculano Santiago, um dos comparsas do golfe, comunica-lhe que os restantes amigos do clube vêem com bons olhos, a possibilidade da candidatura de José Luís Marques à presidência da Câmara, nas próximas eleições autárquicas. Orgulhoso pelo convite, deslumbrado pela oportunidade de vir a contribuir, com o seu trabalho e dedicação, para o engrandecimento da sua terra, algures dentro dele, no seu âmago, no que de mais profundo é possível existir, um tremendo sentimento de vaidade emergia! Não deixa, mesmo assim, de usar de ponderação decidindo, por conseguinte, consultar Américo Cerqueira, seu grande amigo e braço direito, sem o qual jamais teria sido possível almejar a sua prestigiada condição. Detentor de uma mente lúcida, personificando a razão, Américo adverte-o para os esconsos motivos que, possam estar por detrás, das aparentes boas intenções demonstradas pelo seu grupo de apoiantes, o que não deixa de ser verdade, já que, às primeiras impressões e vista desarmada, facilmente se depreende que, pretendem sentar na cadeira de Presidente, uma pessoa de prestígio, que inspire confiança mas inexperiente nos meandros da política, um fantoche, por assim dizer, para, livremente, mexerem os cordelinhos de acordo com os seus interesses. Américo, a voz da razão, chama-lhe a atenção para outro melindre, quiçá mais importante, que consiste no facto de José Luís Marques ser dono de uma empresa na área da construção civil, um óbice considerável, por ser passível de ser usado em futuros ataques vindos das mais diversas direcções, não deixaria de o ser, certamente, pela oposição, no intuito de minar uma campanha que se deseja livre de obstáculos, argumentou Américo lutando por advertir o amigo do desastre que se deixa adivinhar. Estava certo! Foi exactamente por esta fragilidade que a cúpula do Partido optou por outro candidato, atirando assim, José Luís Marques para um mar de desgosto, raiva e o consequente desejo de vingança que culminou na sua morte. A par destes acontecimentos a empresa também sofreu alguns abalos, mormente pelo progressivo afastamento do empresário, envolvido nas questões políticas e, mais tarde, pelo agravamento do seu estado de saúde. José Luís Marques revelou-se um homem cheio de princípios e justo, além de…Uma inábil pontaria para seleccionar os elementos do núcleo duro da sua empresa! Que ninho de cobras! Apre!…
Outubro 21st, 2008 as 22:45
Amiga Milu, vim hoje “pagar” a tua visita à Roulotte! Já vi que leitura é o teu hobby, eu também andava sempre com um livro debaixo do braço antes de ter ficado sem a visão do olho esquerdo. Agora tenho que me poupar para o trabalho, mas a saudade dos livros é imensa. Gostei deste post sobre o Artur Agostinho, cresci a vê-lo, é um grande comunicador e uma alma solidária. Ainda hoje tem um sentido de humor invejável!
Muitos beijos e espero por ti com farturinhas quentes…agora que vem aí o Inverno, irá saber muito bem!
Beijinhos!
Maria Ventura
Outubro 22nd, 2008 as 23:15
Olá Maria! Folgo muito que tenhas gostado deste post! Entretanto já fui espreitar a Roulotte para saber notícias tuas 🙂
Beijinhos e até breve!
Outubro 27th, 2008 as 21:39
Querida Milú, lá vi o teu comentário ao velho Aleixo, que sempre me inspirou bastante. Escreves coisas tão bonitas que me custa a estabelecer uma linha de ideias claras para escrever. Ultimamente tenho lido muito pouco devido ao meu problema de visão, antes não saia de casa sem um livro, agora tenho saudades de os ler, pois tenho que poupar a vista para o trabalho, em que tenho que ler bastante – coisas que no fundo são sempre iguais – e escrever numa linguagem tipo “chapa1”. É cansativo para a mente, mas é trabalho e sem ele não vivo. Li pouco de litaratura portuguesa dita minha contenporânea, sempre gostei amsi dos clássicos como Eça, Fernando Pessoa…talvez porque goste mais de observar as pessoas e de sonhar um pouco. Ainda sonho, às vezes, tentando sair dos pesadelos que. me ensombram diariamente. É difícil, muito difícil também escrever alguma coisa que se “coma” lá na minha casa.É a vida…que já me cansa tanto!
Beijo enorme!
Maria Ventura
Outubro 28th, 2008 as 0:04
Olá Maria! Muito obrigada por teres-te lembrado de mim e pela tua visita.Sabes uma coisa? Eu leio para fugir ao quotidiano e, a tudo o que sou obrigada, pelas circunstâncias, a assistir, no fundo é uma evasão à triste realidade! Ao ler transporto-me para outra dimensão, para outros mundos e isso faz-me sentir, que de alguma forma, também faço parte da história, ao ponto de ficar com pena, depois de terminar de ler um livro, já houve alturas em que fiz uma espécie de dolorosa despedida. É o meu refúgio, pelo menos dali, não preciso de defender-me de odiosas traições como, infelizmente, nos vão acontecendo, aqui e ali, pela nossa vida fora.
Um beijo grande
Milu