A coragem de contar a verdade

Publicado por: Milu  :  Categoria: A coragem de contar a verdade, SOCIEDADE

“Frequentemente é necessário mais coragem para ousar fazer certo do que temer fazer errado.”

Abraham Lincoln

A coragem de contar a verdade e ainda um retrato dos tempos foram as principais impressões deixadas pela leitura do livro intitulado “O Acontecimento” de Annie Ernaux, laureada com o Prémio Nobel da Literatura (2022).

“O Acontecimento” é um livro da escritora francesa Annie Ernaux que se pode ler de uma penada pela noite fora. Foi o meu caso. Consiste no relato da experiência pessoal com um aborto clandestino. O livro é escrito de forma objetiva e sem julgamentos, concentrando-se na descrição dos fatos e sensações da autora. A escrita de Ernaux permite que o leitor se sinta próximo a ela e compreenda a complexidade e o impacto do aborto na vida da autora. Além disso, o livro também aborda questões sociais e políticas, como a situação da mulher na sociedade francesa no período e as dificuldades enfrentadas por mulheres que buscavam abortar. Em resumo, “O Acontecimento” é uma obra impactante e reflexiva que fala sobre o aborto e suas implicações pessoais e sociais de maneira profunda e introspectiva.

"Annie Ernaux nasceu em Lillebonne, na Normandia, em 1940, e estudou nas universidades de Rouen e de Bordéus, sendo formada em Letras Modernas. É atualmente uma das vozes mais importantes da literatura francesa, destacando-se por uma escrita onde se fundem a autobiografia e a sociologia, a memória e a história dos eventos recentes. Galardoada com o Prémio de Língua Francesa (2008), o Prémio Marguerite Yourcenar (2017), o Prémio Formentor de las Letras (2019), o Prémio Prince Pierre  do Mónaco (2021) e o Prémio Nobel da Literatura (2022) pelo conjunto da sua obra."

“Seja mais rápido que um AVC”

Publicado por: Milu  :  Categoria: SERVIÇO SOCIAL

“A felicidade é como a saúde: se não sentes a falta dela significa que ela existe”

Ivan Turgueniev

Alvíssaras!

Ora muito bem. Depois de um interregno um tanto prolongado, eis-me de novo aqui a escrevinhar, desta feita com um post cuja inspiração trouxe ontem, sábado, dia 26 de Novembro, de um Simpósio da Atemphar, mais precisamente o 9º Simpósio Atemphar – O Poder do Conhecimento para uma Vida Saudável, que teve lugar na ESECS – Escola Superior de Educação e Ciências Sociais, a que muito prazerosa assisti, como aliás é meu apanágio.

Então, sobre o que versou a Palestra do 1º orador Tércio Nobrega*, enfermeiro? Pois bem, o tema foi nem mais nem menos do que “Como Prevenir, Reconhecer e Agir perante um AVC”. Teço a partir deste humilde cantinho na imensa rede que é a Internet, as maiores loas e elogios a este orador. Gostei deveras. Tudo tão bem elaborado que se tornou muito acessível e de fácil compreensão. Como não poderia deixar de ser, tive a preocupação de apenas aqui transcrever o essencial. É que estou a seguir os conselhos do meu filho que, frequentemente, me dizia quando acedia ao meu blog para me ler: “Mãe, tu escreves muito. Fazes textos longos e assim as pessoas não leem”. Ok, Mike. Deves ter razão. Então Abreijos para todas/todos e Previnam-se!

Como Prevenir, Reconhecer e Agir perante um AVC

Um AVC pode acometer qualquer pessoa, a qualquer hora e em qualquer idade. É o AVC que mais mata em todo o mundo. Exemplo: Contemos seis segundos – 1; 2; 3; 4; 5; 6 – neste preciso momento, em que pronunciámos o algarismo 6, morreu uma pessoa no mundo com AVC. Em Portugal, por hora, 3 pessoas sofrem um AVC.

Prevenção é a palavra de ordem. É possível prevenir em mais de 90% dos casos ou, pelo menos, identificá-los para de imediato Agir.

Há dois tipos de AVC

1 – AVC Isquémico (formação de coágulos, obstrução – derrame embólico). Alguns sinais: dor, inchaço e calor nas pernas. Há que fazer uma ecografia às pernas.

2 – AVC Hemorrágico (ruptura de uma artéria). É mais letal.

Factores de Risco

Idade >65 anos

Factores Genéticos e Fenótipos (não se diz Raça, porque só há uma (Raça Humana) e esta engloba todos os seres humanos, ainda assim o mais correcto é a expressão “Espécie Humana”). (Os negros são mais propensos)

Obesidade

Sedentarismo

Diabetes

Hipertensão Arterial – (principal factor de risco)

Excesso de Álcool

Má Alimentação (sal, açúcar e as gorduras sólidas)

Açúcar (especialmente o refinado)

Tabaco e outras Drogas

Stress

Aterosclerose (estreitamento dos vasos)

Fibrilhação Auricular (arritmia)

Apneia do Sono

Como Prevenir?

Fazer uma Alimentação Saudável

Praticar Actividade Física

Moderar o Consumo de Álcool

Não Fumar

Vigiar o Peso

Reduzir o stress

Realizar exames médicos com frequência

Controlar os níveis do colesterol

Sinais ESPECÍFICOS de que está a acontecer um AVC

Face assimétrica

Falta de força numa mão, braço ou perna de um dos lados do corpo

Fala arrastada, entaramelada

Outros sinais mas não específicos

Face Assimétrica

Forte dor de cabeça súbita

Falta de equilíbrio

Falta de visão súbita

Acrónimo SAFE

S – Sorrir

A – Abraçar

F – Falar

E – Emergência – 112

MUITO IMPORTANTE

Perante os sinais específicos de acometimento de um AVC, o procedimento correcto é ligar para o 112, que por sua vez contacta o hospital para tudo ficar pronto a receber a vítima de AVC. A rapidez de todo o processo faz toda a diferença. Não tente levar a vítima no carro só porque a viagem até ao hospital é muito curta. Todos os minutos são importantes no socorro da vítima e na posterior recuperação.

O AVC é uma EMERGÊNCIA! 112

Sinais Específicos

Procedimentos a tomar até chegar a ambulância

Se a vítima estiver consciente:

Deitar a vítima

Cabeceira a 30º

Evitar esforços

Evitar stress

Jamais dar de comer e beber (perigo de sufocação)

Jamais administrar qualquer medicação

Se a vítima estiver inconsciente

Ver se respira

Se necessita colocar em PLS (posição lateral de segurança)

Muito importante também é registar a hora e o início dos sintomas

Retirado de um vídeo de um Programa na Sic, no qual um convidado sofre um AVC em directo, e que, apesar de apresentar todos os sintomas referidos neste post, ninguém terá percebido.

Tércio Nobrega* – Licenciatura em Enfermagem. Pós – Licenciatura de Especialização em Enfermagem Comunitária e de Saúde Pública. Mestrado Enfermagem Comunitária. Pós – Graduação em Administração e Gestão da Saúde

Libertação I

Publicado por: Milu  :  Categoria: LIBERTAÇÃO, Libertação I

“E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.”

Jesus Cristo

É hoje. E não passa de hoje!

Bem sei que, o que não falta, são artigos deste género pela Internet fora, mas não me vou deixar mais uma vez emudecer por esse facto. Pelo contrário, faço questão de, muito à minha maneira, também aqui vir dar o meu contributo.

Assim, depois de muitas arremetidas frustradas para criar uma Categoria no meu Blog, dedicada ao tema da violência não só do homem mas também da sociedade sobre a mulher, foi hoje que, motivada pela notícia, que pode ser lida aqui, decidi, finalmente, levar a cabo esta tarefa.

Esta nova Categoria, à qual achei por bem dar o nome de Libertação (embora destinada à compilação de textos sobre a mulher oprimida, o objectivo é, contudo, libertar) tem como finalidade servir de repositorium de artigos, excertos de livros, etc, que contribuam para explicar o porquê de ainda hoje, século XXI, no limiar da era pós-humana, a mulher ser constantemente inferiorizada, logo, uma justificação para a condescendência em relação às agressões de que é vítima.

A forma mais ou menos condescendente, como ainda se julga a violência do homem sobre a mulher, e da sociedade sobre a mulher através da cultura e das tradições, não se verifica apenas nos estratos com menos formação ou educação (patente nos comentários tão confrangedores feitos nas caixas de comentários nas redes sociais ). É visível, sobretudo, na forma como a justiça lida com estes casos. Perante o que nos é dado perceber em notícias através dos órgãos de comunicação, não temos outra alternativa que não seja concluir que há muito atavismo nos tribunais, quando o assunto incide na violência sobre a mulher.

Chamo a atenção que, este texto e os outros que se lhe seguirão, serão apresentados com as devidas referências, pelo que podem ser citados, ou reproduzidos em trabalhos académicos.

Temas de Antropologia em Oliveira Martins

“A mulher, servidora do homem, sua escrava, só pelo casamento se enobreceu. Onde este a não dignificou é comum ser imundo, que é o que acontece entre os índios americanos e na China: «Vivem longe dos homens como leprosas, porque as regras tornam-nas impuras. Não podem habitar nas tendas, nem tocar nas armas e utensílios. O parto macula-as por trinta dias, se tiverem um filho, por quarenta, se for uma filha. Separadas, isoladas como lázaras, não toma parte nos banquetes, nas festas, nem nas cerimónias dos homens. Cozinham-lhes o comer, mas não comem com eles. Dançam, cantam a distância, e entre elas, com uma alegria passiva, num isolamento melancólico. Se há fome, são as primeiras a morrer, quando as não matam para alimento. Os trabalhos mais cruéis pertencem-lhes; cabem-lhes os mais abjectos. Desonra ao homem que pôs os beiços onde uma mulher bebeu!”

“Quando na China um pai tem apenas raparigas, alega não ter filhos. A mulher, diz um autor chinês citado pelo padre Huc, deve ser em casa apenas uma sombra e um eco. Nem come com o homem, nem com os filhos varões: serve à mesa em silêncio; tem um alimento inferior. Chega a ser propriamente gente?»”

“Embora assumida a posição mais digna pelo casamento, é ainda um ser subalterno em relação ao homem, mesmo entre os povos arianos, em que «… o espírito doméstico é sempre masculino». Ainda que no seio da civilização é na dependência que está a sua liberdade: obedecendo, manda pela doçura do amor. «A mulher é a auréola do homem». É esta a sua situação no regime patriarcal primitivo. Pelo casamento «… a mulher é consagrada como fonte de geração, medianeira da eternidade e sacerdotisa do amor».”

“No casamento indu a mulher ocupa posição mais ou menos elevada socialmente consoante as castas em que se realiza; no Ocidente o casamento que prestigia a mulher e lhe consagra a maternidade é só um em todas as classes. Por ele o acto natural da cópula quase se diviniza. A viúva torna à situação anterior, desaparece o carácter sagrado de suas funções e não há mais nela a esperança de um segundo casamento. Daí que não fosse raro o suicídio das viúvas e na Índia se deixassem queimar com o cadáver do marido; e entre os Germanos consentia-se que a viúva se deixasse enterrar com o marido.”

“Estes os traços definidores do casamento ariano e de que só alguns vestígios se conservam no matrimónio de hoje, sacramento ainda, sem dúvida, mas em vias de profanação. De todos os povos foram os arianos, insiste-se, quem arrancou a mulher à escravidão, a fez o par do homem e tornou sagrado seu enleio com ele e sua função no lar. Quando modernamente reclama a liberdade do homem, proclama o amor livre, outro futuro não terá que o do abandono, e o de nova servidão” (GUERREIRO, 1986: 79-80).”

Bibliografia

GUERREIRO. Viegas, Manuel. (1986). Temas de Antropologia em Oliveira Martins. Biblioteca Breve. Lisboa.