“Um pedaço de pão comido em paz é melhor do que um banquete comido com ansiedade.”
ESOPO
Hoje, neste dia feriado, que me está a saber tão bem, um dia para fazer nada ou, melhor ainda, para fazer apenas o que me apetece, venho falar-vos do Parque da Cerca, um parque lindíssimo sito na Marinha Grande, cidade onde faço a minha vida, por enquanto, já que o dia de amanhã ainda é desconhecido, e, aqui a miúda, é receptiva à mudança! Porque o pior de tudo é a estagnação e não sei se estou para isso…
Já agora, porquê o Parque da Cerca e não outro assunto qualquer?
Porque hoje ao passar pelo dito parque, dei pela falta de uns determinados adereços que dele faziam parte. Estou a referir-me a uma espécie de colunas de madeira que se encontravam dispersas um pouco por toda a área do parque, onde haviam sido impressos alguns textos e poemas alusivos aos direitos da criança, elaborados por alunos de diversas escolas. O artigo nº15 coube ou foi escolhido, não sei bem, pelo meu filho, que se aprestou a fazer um poemazinho que muito me admirou, até porque pela parte que me toca, nunca fui capaz de versejar, nem de rimar com coisa alguma e depois até me parece que não é desajeitado de todo!… Esqueçam os meus olhos de mãe, não são sempre cegos, conheço-lhe muito bem os defeitos, oh, se conheço! Este filho tem muito de meu, afinal! Refiro-me aos defeitos…
O Miguel, meu filho, foi convidado a fazer um texto, um poema, fosse o que fosse, tendo como tema o artigo nº15, constante da Declaração Universal dos Direitos da Criança.
Artigo 15.º
1. Os Estados Partes reconhecem os direitos da criança à liberdade de associação e à liberdade de reunião pacífica.
2. O exercício destes direitos só pode ser objecto de restrições previstas na lei e que sejam necessárias, numa sociedade democrática, no interesse da segurança nacional ou da segurança pública, da ordem pública, para proteger a saúde ou a moral públicas ou os direitos e liberdades de outrem.
Pois bem, ele fez isto:
Durante bastante tempo estas colunas que ostentavam a criatividade das nossas crianças permaneceram no local, hoje, ao passar numa rua adjacente, pude confirmar que não existem mais. Senti-me como se me tivessem arrancado um bocado da alma! Que diabo! Aquilo significava para mim uma parte do meu filho, era um bocadinho dele que ali existia! Às primeiras impressões fiquei atordoada, depois, bem, resignei-me, como tantas vezes tenho feito, acerca de tantas outras coisas… Ainda bem que num dia qualquer a destilar baba de vaidade e orgulho por todos os poros, resolvi tirar estas fotos do poema, afinal, são um documento do seu passado, ao qual não presta a mínima atenção, é certo, porque na idade dele, apenas se olha em frente, rumo ao futuro!
Mas também para ele vai chegar o dia em que sentirá a necessidade de se quedar por uns instantes que seja e dizer para os seus botões: Deixa cá ver o que na minha vida já fiz, ou aquilo que um dia fui! Quem é que nunca sentiu curiosidade de vasculhar no baú das memórias e descobrir os esqueletos de uma vivência passada?
Se o meu filho vê isto mata-me! Dentro de dois ou três dias, quando aqui chegar para fazer um novo backup, vai ser uma desgraça nestas paragens! Vai dizer-me – como sempre diz – que estou a meter-me na vida e nas coisas dele! Com 18 anos já é todo muito senhor! 😛
E porque considero o Parque da Cerca um local deveras aprazível, não resisto ao impulso de vos deixar mais umas fotos para documentar esta maravilha!
Parque da Cerca
Informação técnica, retirada daqui
Natureza e Características da Obra:
A área total de intervenção são aproximadamente 70 mil m2 que inclui uma ampla zona verde, de recreio e de lazer, atravessada por eixos radiais pedonais, neste parque podem-se encontrar uma série de equipamentos entre os quais a construção de uma praça central, um espelho de água, parque infantil, área de desportos radicais com uma pista de skate e uma parede de escalada e um espaço para eventos ao ar livre. O espelho de água tem 2800 m2, aproveita uma linha de água natural – a Ribeira das Bernardas; ao nível dos pavimentos houve a preocupação de manter a tradição da zona com materiais clássicos como a calçada de calcário e o pavê cerâmico; em termos de quantidades foram efectuados 8 mil metros de tubagens lineares eléctricas e 8 mil metros de tubagem lineares para o sistema de rega, 120 candeeiros, 9 mil m2 de calçada, 63 mil de pavê cerâmico e 7 mil m2 de pavimento de pó de pedra estabilizado; 4 mil ton. de seixo rolado para o lago artificial; 24 mil m2 de relvado; 15 mil arbustos 600 árvores de diferentes espécies;