Espanta fantasmas

Publicado por: Milu  :  Categoria: Espanta fantasmas, LIVROS

“Nenhum mar calmo torna um marinheiro especialista em navegação.”

Espanta fantasmas é o título que escolhi para este post, no qual apresento um pequeno resumo do livro que acabei de ler. Aliás, no melhor dizer, são dois livros, pois é perfeitamente percetível que um inspirou o outro. O primeiro que li foi durante as minhas férias de verão, intitulado “Comer, beber e foder” de Dan Savage. O segundo tem como título “Comer, orar, amar” de Elizabeth Gilbert. Os dois livros narram duas histórias de vida que partem do mesmo pressuposto – um divórcio – com a diferença de que um foi escrito por um homem, o outro por uma mulher. E, claro, um homem sempre pode ser mais descarado. Tudo ao homem fica bem. A mulher tem de ser sempre mais comedida, pois foi assim que lhe ensinaram que ela deveria ser… Mas vamos aos resumos e o meu leitor que tire as conclusões!

O livro “Comer, Beber e Foder – Um Guia Espiritual”, escrito por Dan Savage, é uma obra provocativa e irreverente que explora o comportamento humano em torno dos prazeres fundamentais da vida, alimentação, bebida e sexualidade. Com uma abordagem bem-humorada e direta, Savage utiliza o tom sarcástico e crítico para abordar tabus sociais e as normas culturais.

Savage reflete sobre o papel cultural e emocional da alimentação, criticando padrões alimentares impostos e o moralismo em torno das dietas. Ele sugere que o prazer de comer deve ser celebrado, e não reprimido, defendendo um equilíbrio entre indulgência e saúde sem culpas desnecessárias.

O capítulo sobre bebidas é um mergulho na relação humana com o álcool e outras substâncias. Savage explora como o consumo de bebidas reflete nossas aspirações sociais, as dinâmicas de grupo e, por vezes, a busca por uma fuga. Ele questiona os excessos e a hipocrisia cultural em torno do consumo, mas também celebra os momentos de alegria proporcionados por um bom brinde.

O tema mais ousado do livro trata da sexualidade humana de maneira franca. Savage discute tabus, fetiches e a diversidade de experiências sexuais, defendendo uma visão libertadora e não julgadora. Ele critica as imposições morais que reprimem a sexualidade e celebra o sexo consensual como um aspeto vital da vida e do bem-estar.

A obra convida os leitores a viverem suas vidas de forma autêntica e a abraçarem os prazeres de maneira equilibrada e consciente.
Crítica o puritanismo e é implacável em sua análise de como as sociedades frequentemente reprimem os desejos naturais em nome de normas sociais ou religiosas.
Celebra o humano defendendo que os prazeres básicos são essenciais para a felicidade e a saúde emocional.

Assim, com uma linguagem direta, humor ácido e observações perspicazes, Dan Savage oferece um guia espiritual que vai além das convenções e desafia o leitor a repensar a sua relação com os prazeres mais básicos da vida. O livro é um convite à liberdade e à autenticidade

O livro “Comer, Rezar, Amar” de Elizabeth Gilbert é um best-seller autobiográfico que narra a jornada de autodescoberta da autora após um período de crise pessoal. Dividido em três partes, o livro aborda as experiências de Gilbert em três países, cada um representando um aspecto essencial da sua busca por equilíbrio e felicidade: prazer, espiritualidade e amor.


Após um divórcio doloroso e uma crise existencial, Elizabeth decide passar quatro meses na Itália. Lá, ela se dedica a experimentar os prazeres simples da vida, como comida, amizade e o idioma italiano. Esse período é marcado pela reconexão com a alegria de viver, destacando-se os momentos em que saboreia pratos deliciosos e aprende a apreciar o presente.


Em busca de espiritualidade, Elizabeth passa os meses seguintes em um “ashram” na Índia, onde pratica meditação e se desafia a enfrentar seus medos internos. Nesse capítulo, ela explora temas como disciplina, autoconhecimento e a conexão com o divino, encontrando paz interior após um período de intensa introspeção.


O último destino é Bali, na Indonésia, onde Elizabeth busca equilíbrio entre os prazeres mundanos e a espiritualidade. Lá, ela conhece o curandeiro Ketut e forma laços significativos, incluindo um romance inesperado com Felipe, um brasileiro que se torna seu parceiro. Essa etapa marca o reencontro de Elizabeth com o amor, desta vez de forma madura e equilibrada.

Temas Principais:
Busca por identidade e propósito: Elizabeth embarca em uma jornada física e emocional para se redescobrir.
Prazer, fé e amor: Os pilares da narrativa refletem o desejo humano de encontrar sentido e felicidade.
Autonomia feminina: A obra destaca a coragem de tomar decisões ousadas e priorizar o autoconhecimento.
“Comer, Rezar, Amar” é uma história inspiradora que combina reflexões profundas com momentos leves, incentivando os leitores a buscar a própria felicidade.

Admirável mundo doente…

Publicado por: Milu  :  Categoria: Admirável mundo doente..., LIVROS

“O entusiasmo é a maior força da alma. Conserva-o e nunca te faltará poder para conseguires o que desejas.” (Napoleon Hill)

Um dia destes, por motivos de saúde, fui encaminhada pelo SNS 24 para as urgências do Hospital de Leiria. À cautela, meti na mala um livro para entreter a espera, já que a previa demorada. Mas não tanto, pois não é que consegui ler o livro de fio a pavio??

Não foi leitura que me tivesse agradado muito. Eu já não estava bem e só serviu para me deprimir ainda mais. Tudo nele é opressão. A liberdade ali é como a publicidade dos nossos dias, ou seja, enganosa.

“Admirável Mundo Novo” é uma obra escrita por Aldous Huxley em 1932, que nos apresenta uma sociedade futurista, altamente controlada, onde a busca pela estabilidade social e felicidade é garantida através da manipulação genética, condicionamento psicológico e um uso excessivo de uma droga chamada “soma”.

A história passa-se em um futuro onde a humanidade foi dividida em castas rigidamente hierarquizadas, que vão desde os Alpha, responsáveis por cargos de liderança, até aos Epsilons, que realizam tarefas simples. Nessa sociedade, a reprodução é artificial, controlada em incubadoras e através de engenharia genética. A individualidade e os sentimentos genuínos são reprimidos, pois o foco é garantir a harmonia social e a conformidade de todos.

Algumas das suas personagens principais são o Bernard Marx, que é um Alpha-plus, mas que devido a um erro durante a sua maturação resultou fisicamente diferente dos outros, o que o faz sentir-se deslocado. Talvez por isso, começa por questionar o sistema e busca mais liberdade e autenticidade. A Lenina Crowne, uma mulher atraente e conformista, que trabalha com Bernard e tem uma visão superficial da vida, sendo completamente dedicada à diversão e à satisfação. O John, o Selvagem, um homem que foi criado fora da civilização controlada, em uma reserva, onde ainda vivem os “selvagens”, que preservam os valores antigos, como a família e a religião. Sua chegada à sociedade “civilizada” traz um choque entre os valores do mundo novo e os princípios da liberdade e da emoção genuína.

A sociedade do “Admirável Mundo Novo” procura garantir a estabilidade, para tal controla totalmente a vida dos indivíduos, desde a conceção até a morte, eliminando qualquer forma de liberdade ou pensamento crítico. Mas todos se sentem satisfeitos já que usam a “soma”, uma droga que elimina o sofrimento e proporciona uma felicidade imediata.

Com este livro podemos questionar até que ponto a conformidade e a ausência de sofrimento podem ser vistas como uma verdadeira felicidade. “Admirável Mundo Novo” é uma reflexão sobre os perigos de uma sociedade excessivamente controlada, onde a liberdade individual é sacrificada em nome da estabilidade e da felicidade imposta. Através dos dilemas dos personagens, Huxley questiona os custos da modernidade, do consumismo e do controle social, propondo uma crítica à busca desenfreada por uma felicidade artificial que ignora os aspetos essenciais da natureza humana.