EQUADOR
De
Miguel Sousa Tavares
Miguel Andresen de Sousa Tavares nasceu na cidade do Porto no dia 25 de Junho do ano de 1952. Iniciou a sua vida profissional na advocacia, actividade que abandonou ao enveredar pela carreira de jornalista, a partir da qual veio a encetar um novo percurso na produção da escrita literária. A sua obra é vasta e variada, indo desde crónicas a reportagens até às produções literárias. “Sahara, A República da Areia”, editado em 1985 e que foi o seu primeiro livro, consta de uma grande reportagem sobre o Sahara. A seguir lançou uma obra composta por crónicas políticas em “Um Nómada no Oásis”, que veio a ser completada posteriormente, com uma segunda edição denominada de “Anos Perdidos”. Publicou em 1998 uma obra sobre viagens “Sul” e um livro infantil, “O Segredo do Rio”, e ainda uma edição de pequenos textos e contos denominados “Não te deixarei morrer David Crockett”. Estreou-se como romancista com a obra “Equador”, editada pela primeira vez no ano de 2003 e que vendeu mais de 250 mil exemplares, razão pela qual foi reeditada nesse mesmo ano. O sucesso desta obra foi de tal modo significativo que acabou por ser lançada internacionalmente, no Brasil, Holanda, Alemanha, República Checa, Espanha e América Latina. No ano de 2007 publica o livro “Rio das Flores”, com uma tiragem de 100 mil exemplares. Mais recentemente publicou “No teu deserto”, um quase romance, no dizer do jornalista e escritor, que nos traz a narrativa de uma viagem ao deserto. Actualmente colabora no jornal Expresso e na estação de televisão TVI onde é comentador. Detém no jornal “A Bola” uma coluna de nome “Nortada”, onde escreve semanalmente. Ao longo dos últimos anos Miguel Sousa Tavares tem vindo a tornar-se polémico devido a algumas das suas declarações que geraram controvérsia.
“Equador” é um romance histórico da autoria do jornalista e escritor Miguel Sousa Tavares que nos remete para os primórdios do século XX, mais precisamente no ano de 1905, um período caracterizado por grandes tensões políticas a par de um crescente e agudizado descontentamento popular, situação que ameaçava seriamente a estabilidade do Estado e a continuidade da Monarquia. Como se isto não bastasse, D. Carlos de Bragança deu por si a braços com uma nova e inesperada frente de guerra, consistindo esta, numa intempestiva imposição oriunda de Inglaterra, que devido ao seu teor a muitos fez lembrar um Ultimatum, melhor dizendo, o famigerado mapa cor-de-rosa, que tanto envergonhou e continua a envergonhar, que é mesmo assim, todos aqueles que sempre se sentiram portugueses de alma e coração. Inesperadamente, os ingleses decidiram exigir a Portugal, que de uma vez por todas, pusesse fim à mão-de-obra escrava, que se dizia existir em S. Tomé e Príncipe, nas roças de exploração do cacau, pretendo-se com esta tomada de posição obter iguais circunstâncias comerciais, já que os ingleses, também eles, mantinham explorações de cacau na Nigéria, no Gabão e nas Antilhas Britânicas. Contudo, D. Carlos julgava ter razões de sobra para suspeitar, que os verdadeiros motivos que incomodavam os ingleses, estavam mais relacionados com a considerada elevada qualidade do cacau e até do café, explorados nestas ilhas portuguesas, do que com a presumível concorrência promovida pela utilização do trabalho escravo. Ainda assim, e não sem algum constrangimento, achou por bem acatar as malfadadas condições e coagiu com a Inglaterra no sentido de procurarem uma solução satisfatória para as duas partes.
Urgia convencer os donos das roças, para que deixassem de fazer tábua rasa da lei estabelecida e respeitassem os termos dos contratos de trabalho na altura existentes. Devido ao carácter delicado da situação, D. Carlos aceitou o parecer do Conselho Régio e apelou para os serviços de Luís Bernardo, um cidadão que se tinha feito notar nas questões da política ultramarina, após ter publicado alguns artigos de opinião nos mais importantes jornais, que lhe vieram a granjear fama de grande entendedor da causa colonial. Bem-nascido e licenciado em advocacia, Luís Bernardo era um homem habituado ao que a vida tem de melhor, mulheres, boa mesa e uma situação económica que lhe permitia levar a vida com um sorriso estampado nos lábios. Todavia, viu o destino trocar-lhe as voltas, quando se perdeu de amores por Marília, uma mulher casada. Após ter sido nomeado Governador da Província Ultramarina de S. Tomé e Príncipe, depois de muito ter pensado, aceitou resignado essa incumbência no desterro da longínqua colónia, quanto mais não fosse, para se redimir da sua inconsequente conduta, ao deixar-se envolver sentimentalmente pela mulher proibida. Chegado a S. Tomé e Príncipe de imediato se apercebeu das enormes dificuldades inerentes à sua missão. Os infaustos confrontos com os donos da roças, que unidos pela mesma causa, não se pouparam em esforços no sentido de se oporem às orientações do jovem e incauto governador, não se fizeram esperar! E mais uma vez Luís Bernardo conheceu um amor intenso, tão intenso, que levaria à sua perdição!
.