Por Que Adoptámos Maddie
De
Luís de Castro
31 de Agosto de 2008
Luís de Castro é jornalista da RTP a partir de 1992. Foi editor de Política, Economia e Internacional na RTP-Porto, coordenou o programa de informação “Bom Dia Portugal”, da RTP-Lisboa. Fez a cobertura de várias guerras ou situações de grande conflito das quais se destacam Iraque, Afeganistão, Angola e Timor. É coordenador do Telejornal da RTP, desde o ano de 2004.
Antes, tinha exercido a sua actividade na Rádio Lajes, Rádio Nova, Rádio Renascença e RDP, colaborou, também, com a Voz da América, Voz da Alemanha e BBC Rádio.
É co-autor do livro Curtas Letragens, participou, de igual modo, em Os Dias de Bagdad, de Gonçalo Rosa da Silva. Repórter de Guerra é outra das suas obras.
Por Que Adoptámos Maddie, da autoria de Luís de Castro é um livro que relata os acontecimentos que envolveram o desaparecimento de Madeleine McCann, no espaço de tempo compreendido entre o fatídico dia 3 de Maio e o dia 3 de Novembro. Simultaneamente esforça-se por analisar os factos, para melhor se compreender, como foi possível, este caso, desenvolver e atingir proporções tão verdadeiramente surpreendentes, que o tornaram num fenómeno revestido de características intrínsecas da actual globalização. Um aspecto muito interessante desta obra é a circunstância de conter, nas suas páginas, os comentários de especialistas de diversas áreas, tais como: investigadores criminais, sociólogos, juízes e jornalistas. Gostei de o ler porque me trouxe um melhor esclarecimento sobre determinadas situações que foram, intencionalmente, manipuladas pela imprensa com o intuito de atraírem, ainda mais, a atenção do mundo. Uma delas foi o facto, largamente noticiado, de que o Papa tinha concedido uma Audiência ao casal McCann. Causou-me alguma indignação, porque entendo, que esta entidade tem de saber gerir sabiamente o cargo, não devendo ceder a pressões desta natureza, para evitar projectar a imagem de que só alguns, seres especiais, merecem a bem-aventurança da sua bênção. É necessário ter presente no espírito que, constantemente, desaparecem crianças em todo o mundo. O Papa deve dedicar-se às grandes causas mundiais! Este livro repõe a verdade, ao explicar que, às quartas-feiras o Papa tem uma aparição pública na Praça de São Pedro e cede, nessa altura, uma atenção especial a pessoas que estejam envolvidas nalguma situação que justifique isso mesmo, o que já é outra coisa… Diga-se em abono da verdade!
Já disse e torno a afirmá-lo, os comentários por mim apresentados, neste meu blog, reflectem, sobretudo, a forma como vejo o mundo, traduzem, portanto, a minha experiência de vida. Sendo assim, não tenho o mais pequeno receio em formular as minhas opiniões e torná-las públicas, não obstante, a minha formação académica não ir além dos estudos secundários. Não tenho feitio para engolir tudo aquilo que me querem impingir, paro para pensar, logo tenho ideias!… Atrevo-me, por conseguinte a defender a tese de que a desmesurada mediatização deste caso se deveu ao envolvimento da imprensa inglesa. Julgo que, ainda, ninguém está esquecido do fenómeno Diana, autêntico filão de ouro do mais puro e reluzente, que alimentou durante anos a imprensa do seu país, tendo sido tratada por esta, da forma mais vil que é possível! Sucessivamente apresentada ao mundo como uma adúltera, exploradas, exaustivamente, todas as suas vulnerabilidades, mais não fizeram do que transformar a princesa Diana numa pródiga fonte de embaraços para a Família Real. Desta vez, não lhes foi necessário o ataque aos seus compatriotas, já que, tiveram ao seu dispor, um bode expiatório bem mais apetecível, a Polícia Judiciária portuguesa, assim divertiram-se à grande e à inglesa, ao mesmo tempo que, fizeram dos portugueses uns pacóvios, como é da tradição!… O caso transformou-se numa questão de foro nacionalista…
Por outro lado reconheço que, a Polícia portuguesa, cometeu logo no início um erro colossal. Partiu do princípio que era uma situação de rapto, por conseguinte, não foram acautelados os necessários procedimentos, como por exemplo: manter o local intacto para futura recolha de vestígios incriminatórios, análises aos gémeos, etc. Além disso, não consigo evitar de classificar esta situação, como uma ingenuidade da parte de uma Polícia que, já deveria estar habituada a tudo. Fiaram-se nas aparências de um casal bem-parecido e com estatuto social. Este procedimento é característico e comum a todos nós, infelizmente, mas, NUNCA o deveria ser de uma Polícia Criminal, eles bem sabem o que algumas distintas personalidades do nosso País e do mundo, afinal de contas, tidas como pessoas de bem, são capazes de fazer…
Ao casal McCann acuso-os de uma comprovada negligência! Não há desculpa possível! Ninguém no seu juízo perfeito faz o que eles fizeram, deixaram sozinhas, crianças tão pequenas, tão indefesas, para irem para a “copofonia”. Sei que férias são férias mas, então, abrissem um pouco mais os cordões à bolsa e contratassem os serviços de babysitter que, o próprio complexo turístico, tem ao dispor de quem deles necessitar! Não os considero, por conseguinte, isentos de culpa, no entanto, penso verdadeiramente, que eles não tiveram qualquer envolvimento no que quer que seja que tenha acontecido à sua filha. É desejável que, entretanto, se descubra o que aconteceu à menina, para bem dos pais. Ninguém merece tamanho sofrimento…
Não posso deixar de referir, apesar de tudo, que todo este caso se assemelhou a um festival de palhaçada, se tivermos em conta, alguns dos meandros que o mediou… Para que, afinal, foram necessários aos McCann, os assessores e demais quejandos? Mais pareceu um caso de vedetas de cinema, talento tiveram-no de sobra!.. Por mim, com todo este alarido e a par do facto da chamada de atenção para a marca inconfundível na íris do olho direito de Maddie, mais não fizeram, do que, tornar a filha incomensuravelmente incómoda, partindo do princípio, que estaria nas mãos de um qualquer raptor. Para este, a inocente criança, tornou-se numa autêntica bomba relógio que podia explodir-lhe no bolso a qualquer momento…
Há uma particularidade no Caso Maddie que me tem feito pensar, não consigo justificar o procedimento da generalidade das pessoas! Por que razão Kate, depois de ser interrogada pela Polícia, numa altura em que já se desconfiava da culpabilidade dos pais, foi vaiada pela populaça com insultos, apupos e assobios , durante dois intensos minutos, enquanto Gerry, que foi interrogado separadamente e ao sair não foi vaiado? Só porque não carregou com a filha no ventre durante nove meses tem menos responsabilidades, ou está menos envolvido pelos sentimentos? Não há dúvida que um homem pode tudo! O meu reparo não está imbuído de qualquer sentimento feminista… Estou só a constatar factos!…
E por falar em crianças, aproveito o ensejo, já que vem muito a propósito e publico, inserido neste comentário, do Caso Maddie, um “poemazito” da autoria do meu filho, quando tinha 15 anos de idade, que se encontra exposto, a par de vários outros, no Parque da Cerca sito na Marinha Grande. São trabalhos elaborados pelos alunos das diversas escolas da cidade, em homenagem a todas as crianças.
Se o meu filho vê isto estou desgraçada mas, ele tem de compreender que eu acho graça!