Estou-me nas Tintas para os Homens Bonitos

Publicado por: Milu  :  Categoria: Estou-me nas Tintas..., LIVROS

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Estou-me nas Tintas para os Homens Bonitos

De

Tina Grube

Tina Grube nasceu na Alemanha em 1962. No seu palmarés literário constam pelo menos as seguintes obras: Irmãs Inseparáveis, Não me olhes nos Olhos, Precisa-se de Homem Nu, Os homens são como Chocolate e  “Estou-me nas Tintas para os Homens Bonitos“. Apenas li este último e por isso os meus comentários vão depender das ilações que dele me foi possível retirar. Pelo que me foi dado intuir, o tipo de escrita e a fonte inspiradora desta autora, insere-se num alinhamento literário muito em voga nos tempos actuais – a Literatura Light. Esta pode ser caracterizada como um tipo de literatura que usa e abusa de um estilo leve, superficial e desempoeirado, num contexto que marina, sobretudo, no âmbito das mundanidades e principalmente destinado ao público feminino. Peço perdão a quem, eventualmente, se sinta incomodado com estas minhas declarações, mas, não consigo imaginar um mancebo a sentir qualquer espécie de gozo ao ler estas frivolidades, porque são de autênticas e puras frivolidades que aqui se tratam!

Este género literário tem sido, de certa forma, subestimado e sobejamente considerado inferior, porém, pela parte que me toca, não estou de acordo, antes penso, isso sim, que se trata de um género diferente e que perfaz os ideais das actuais jovens mulheres. Senão vejamos:

belas

A heroína nestas histórias é sempre uma mulher bonita e interessante, mau grado costuma ter uma acentuada tendência para engordar, espatifa, por isso mesmo, mais dinheiro do que seria razoável,  em toda uma vasta panóplia de produtos dietéticos e de baixos índices calóricos, quase sempre sem resultados satisfatórios, já que é frequentemente acometida por ímpetos de bulimia. Tem um emprego absorvente que se destaca, principalmente, por envolver uma considerável vertente na área da criatividade. Vive sozinha, num pequeno apartamento onde costuma receber a reconfortante companhia de duas ou três amigas, muito chegadas e com as quais costuma conspirar. Como se isto  não fosse já o suficiente, tem a sorte de ter uma retaguarda protegida, isto é, pode sempre contar com a incondicional presença  dos pais que à menor coisinha e ao primeiro ai, acorrem dispostos a tudo, para arrancar a tão querida filha das garras do infortúnio! No fundo, um cenário onde tudo é muito bonito, onde a vida se leva com uma perna às costas e perfeito para dar largas ao que mais espevita as virtudes  das mulheres – os Homens! Estes, então, são sempre umas belas estampas de machos! Altos e espadaúdos,  donos de um impressionante porte atlético, sorrisos perigosamente  sedutores e o mais importante – nunca são pobres,  porque que se fossem,  deixavam de ter graça!

elas

Falando sério, este não é bem o meu estilo de leitura, não perfaz em nada a minha forma de conceber o mundo, porém e embora, a minha personalidade corresponda muito mais, àquele tipo de pessoas que vive a vida com os pés bem assentes no chão que pisa, a verdade, é que uma vez por outra sinto necessidade, como qualquer vulgar ser humano, de atirar para detrás das costas os problemas e afugentar, ao menos por uns fugazes momentos, a triste realidade. Sendo assim, penso que os pergaminhos não me cairão na lama, se, de quando em vez, passar os olhos por um ou outro livro deste género! Quando digo passar os olhos é disso mesmo que se trata, pois estes livros são para ler de uma assentada,  já que não obrigam a prodigiosos pensamentos ou raciocínios.

Linda Lano é uma competente profissional no ramo da publicidade, que desempenha as suas funções numa empresa cujo método na organização do trabalho, a submete a uma carga excessiva de responsabilidades, situação que, ao longo do tempo, se tornou um fardo demasiado pesado para Linda. Nos últimos tempos, deu por si algumas vezes acometida por acessos de confusão mental, facto que a assustou verdadeiramente, por temer estar a ser vítima de algum esgotamento. Decidida por uma vez, a enfrentar fossem quais fossem as dificuldades que daí adviessem demite-se sem, no entanto, deixar de sentir alguma apreensão, receava, tal como qualquer outra pessoa, vir a sofrer as agruras  impostas pelo tão temível fantasma do desemprego. Todavia os seus receios foram infundados, já que Jo, um profissional na carreira da fotografia a surpreende, ao demonstrar  vontade em contratá-la como sua manager. Cargo que proporciona a Linda a possibilidade de viajar e, também, de conhecer belos homens  do mundo da moda, logo,  verdadeiros ícones de beleza, como não podia deixar de ser! No desempenho das suas funções Linda vem a conhecer Pierre, um homem que de tão belo e dotado de artes sedutoras virá a exercer um fascínio irresistível sobre si, e com o qual, por uma unha negra, não chegou a vias de facto e assim trair Mike, o amor da sua vida! Este,  se tão depressa não se põe a pau, ainda tinha a triste e amarga surpresa de dar consigo fora da corrida…

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As três mentiras…

Publicado por: Milu  :  Categoria: As três mentiras..., CORRENTES

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Pronta para dar continuidade  ao desafio que me foi proposto pela Donagata, eis-me aqui mais uma vez, desta feita disposta a pregar  três descaradas  petas aos meus estimados visitantes! Mandam as regras da presente corrente que revele 9 coisas comigo relacionadas, 6 verdades e 3 mentiras! Nada mais fácil! Como sou brincalhona, não estive com meias medidas e vá de agarrar  com unhas e dentes esta oportunidade para tentar fazer algo engraçado. Bem, pelo menos a intenção foi essa. Vamos pois a isso!

elo

♣ – Adoro cinema.

♣ – Há uns anos tive um prémio no joker. Quando vi que tinha os últimos 5 números e, portanto, um prémio de 500 contos fiquei cheia de raiva!

♣ – Em cerca de 28 anos de condução  nunca mudei um pneu furado. Que remédio tem o desgraçado do carro senão ir  mesmo assim  até à próxima localidade! Ou então fico ali parada, à espera de uma santa vinda.

♣ – Sempre que vou à praia farto-me de nadar no mar.

♣ –  Não gosto e por isso nunca uso perfumes.

♣ – Lembro-me do nascimento do meu irmão mais novo, tinha eu 4 anos. Deu-me para fazer  uma birra encarniçada e ainda me lembro do porquê.

♣ – De vez em quando dá-me na cachimónia e ando uma série de dias, (muitos) a comer a mesma coisa, isto é, sem variar.

♣ – No meu exame de condução ao fazer marcha atrás fi-la tão torta, que consegui atravessar o carro na estrada. Passei à primeira.

♣ – Numa manhã de praia estive acompanhada por dois enormes sardões, que por ali andaram de roda de mim numa boa.

elo

Pronto, já está!  Como já foi indiciado três destas afirmações são falsas! Quais serão? No caso de haver alguém que  por graça, queira arriscar neste totoloto, poderá fazer a sua aposta na caixa dos comentários. De qualquer maneira nos próximos dias revelarei onde reside a trapaça!

Quanto aos próximos continuadores da corrente, peço imensa desculpa à Donagata, que foi quem me desafiou, mas isso “já foi chão que deu uvas”. Considero esta parte ingrata,  porque nem todos gostam de participar em correntes. Sempre que seja desafiada estarei na disposição de participar, porém, as correntes não sairão daqui, a partir de agora ficam em casa.

verdade-mentira

O Duplo

Publicado por: Milu  :  Categoria: LIVROS, O Duplo

O Duplo

O Duplo

De

Fiódor Dostoiévski

Fiódor Dostoiévski nasceu em Moscou no dia 30 de Outubro do ano de 1821, foi considerado um dos maiores romancistas da literatura russa, tido como fundador do existencialismo e um dos maiores inovadores artistas de todos os tempos. A sua obra explora os sentimentos mais intrínsecos do ser humano: a humilhação, a auto destruição e as patologias inerentes ao estado psicológico do ser humano capazes de o levarem ao suicídio, à loucura e ao homicídio. Fiódor Dostoiévski esteve preso e em 1849 é condenado à morte cuja pena foi depois comutada para trabalhos forçados na Sibéria, tendo sido amnistiado no ano de 1855. Há quem defenda a teoria de que terão sido as suas dificuldades pessoais que o impulsionaram rumo a uma carreira em que se notabilizou como um dos maiores romancistas do mundo. No Ano de 1846, publicou O Duplo, quando tinha apenas 24 anos, meses depois da publicação do seu primeiro romance Gente Pobre. O livro Crime e Castigo, publicado em 1866 foi reconhecido como uma das obras mais famosas da literatura mundial. O seu último romance Os Irmãos Karamazov foi considerado por Sigmund Freud como o melhor romance já escrito. O movimento do modernismo, as ciências da teologia e psicologia beberam na fonte das suas ideias.

O Duplo da autoria de Fiódor Dostoiévski é um intrigante romance que se destaca principalmente pela densidade e profundidade dos conflitos existenciais que nele estão patentes. Está implícita na narrativa, uma luta de tal forma renhida entre sentimentos tão infinitamente antagónicos, que fiquei exausta depois de ter lido este livro. O drama humano que aqui está representado continua actual e presente um pouco na vida de todos nós e, infelizmente, comungo de uma certeza – que permanecerá intemporal por toda a eternidade, enquanto vida Humana. Goliádkin é um funcionário público possuidor de raro carácter, dotado dos melhores princípios e qualidades morais, contudo, vive o dia-a-dia com nítida dificuldade, sem lograr alcançar a tão desejada harmonia e sã convivência com o mundo em que vive inserido, mas que não compreende, pois nele imperam, acima de tudo, os interesses pessoais e a hipocrisia. Goliádkin mergulha num mar de dúvidas e sentimentos de tal forma angustiantes e envoltos em contradição que lhe deturpam a razão, levando-o a sentir-se como um pobre animal perseguido.

duplo

Movido por uma intensa revolta envolve-se numa eterna e inglória contenda, na qual combate cego e surdamente contra preceitos tão usuais e característicos de uma sociedade, que mau grado seu, vê espelhada no departamento onde trabalha e no relacionamento com os seus colegas, atitude que o conduz, inevitavelmente, a uma grave desordem emocional. Vítima de uma imaginação delirante é arrastado para um patamar de insanidade,  a partir do qual dá vida a uma personagem fictícia, materializando-a num duplo de si mesmo, no qual projecta toda uma panóplia de características por si consideradas como socialmente abomináveis. Numa palavra, o duplo incarna tudo aquilo que ele próprio não é, nem consegue ser mormente a sua matriz educacional e moral. Imerso numa confusão de paradigmas  conjectura contra si, contra aquilo que é, contra o que não é, tentando definir o que gostaria de ser ou o que pensa que deveria ser. Martiriza-se a si próprio, sem dó nem piedade, faz de si uma vítima constante, tornando o  seu duplo, num duplo vencedor! Vencido e desmoralizado o nosso  herói observa o modo de agir do seu duplo, como conquista as simpatias e alcança o reconhecimento, saracoteando-se, insinuando-se, apertando a mão a um, sorrindo para outro, dando uma palmadinha no ombro àquele e pisando e derrubando impiedosamente quem ousa causar -lhe algum estorvo, no fundo, fazendo tudo aquilo de que ele próprio, Goliádkin, nunca seria capaz. Conclui pois que está irremediavelmente perdido, não é de cá! Este mundo não é o dele!

loucura