Internautas de mão cheia!

Publicado por: Milu  :  Categoria: Internautas..., PARA PENSAR

 

“Mude a sua vida hoje. Não deixe para arriscar no futuro, aja agora, sem atrasos.”

Simone de Beauvoir

Já não é de computadores que trata a informática, mas da própria vida, diz Negroponte. É uma mudança de cultura, uma cultura nova. Hoje as coisas do mundo funcionam em rede. É uma capacidade, uma disposição para estarmos permanentemente abertos à mudança. Há exemplos notáveis da importância da Internet – transmissão de informação e protestos, divulgação de lutas pela dignidade e pela vida – na defesa das mulheres, caso das campanhas em defesa das afegãs, denunciando a sua situação e apoiando as suas associações.

Ligadas, movendo-nos na net no feminino, podemos protestar, reivindicar, praticar a solidariedade com as mulheres em qualquer parte do mundo. E também discutir, conversar, conhecermo-nos, divertir-nos, gostarmos umas das outras. A Internet é um espaço sem hierarquias em que encontramos informações por vezes difíceis de obter sem ser pelas internautas que fazem chegar até nós as suas preocupações e participações em vários campos.

Um dos exemplos mais interessantes é Mujeres en red (www.nodo50.org/mujeresred), onde é possível encontrar informação sobre temas de interesse (aborto, desenvolvimento e género, discriminação sexual, ecologia e feminismo, literatura, imigração, paridade, violência, multiculturalismo, sindicalismo, homens pró-feministas, coeducação, etc.), notícias, campanhas («Tolerância zero para a violência de género», por exemplo), agenda de actividades (cursos, conferências, ateliês, seminários, debates, apresentações, etc.), instituições em Espanha e links (ligações as outras páginas), fóruns, etc.

As novas tecnologias da comunicação oferecem a possibilidade de incrementar a interacção entre pessoas, sectores sociais, países e regiões à escala planetária. Estas tecnologias, democraticamente utilizadas, são instrumentos poderosos que poderiam garantir avanços civilizacionais como a igualdade entre os géneros, conforme se apontava no documento apresentado em 1995 pela Área Mulheres da Agência Latinoamericana em Pequim. 

Dizem que a tecnofobia acabou. Parece que cinquenta por cento dos utilizadores da net são mulheres, embora o número seja difícil de precisar, pois na Internet pode escolher-se o sexo, a personalidade ou a identidade que se queira. 

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Vamos ganhando terreno, mas não é possível analisar a desigualdade na net sem ter em conta o que acontece fora dela. A diversidade é uma característica da comunidade de mulheres ligadas. O espectro abre-se de um modo quase ilimitado: mulheres empresárias, organizações feministas, ferramentas telemáticas pensadas para as mulheres. A lista é quase infinita e quem se aventura numa travessia feminina pela Internet pode inteirar-se dos numerosos recursos com que as mulheres contam. Alguns motores de busca, como www.femina.com e www.women.com, recolhem e catalogam material de interesse para as mulheres, das artes à maternidade.

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Ao fazer uma viagem pela Internet nas zonas onde as geek (um ou uma geek é a pessoa que passa a maior parte do tempo diante de um monitor) e o feminino se reúnem, começa a visualizar-se algo parecido com um feminismo de novo cariz: as Grrrl, as raparigas, precisam de modemes.

A distinção entre girl e Grrrl é clássica: a rapariga (girl) «engole todas as mentiras e toda a merda que lhe servem através da TV, das revistas, da religião e dos pais, financiadas pelas grandes empresas ou pelo governo. As Grrrl não se deixam enganar» (Jasmine, em Sawtooth, recolhido em The Whole Woman, de Germaine Greer).

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Sadie Plant pergunta-se: que relação estabelecem as mulheres com as tecnologias informáticas? Quantas acedem à Internet? Para que fim? Que grau de satisfação lhes proporciona? Que imagens de género deveriam mostrar no seu relacionamento com os meios de comunicação? Que avanços estão as mulheres a realizar no mundo empresarial através do uso das novas tecnologias? Que relações e estratégias efectivas das empresárias e investigadoras deveriam ser implantadas para optimizar o desenvolvimento? As mulheres têm valores diferentes dos homens? Muitas perguntas ainda sem resposta.”

Bibliografia

ALBORCH, Carmen. (2004). Mulheres Contra Mulheres. Editorial Presença. Barcarena. pp. 186.191.

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