Dar novos mundos ao meu mundo
Imagem criada com IA
Todos sabemos que cada dia que nasce é o primeiro para uns e será o último para outros e que, para a maioria, é só um dia mais. (José Saramago)
“Buscando caminhos nos processos de formação/autoformação”, li eu por aí, neste infinito que é a Internet. Uma premissa que veio ao encontro da minha concepção de vida, que é acrescentar sempre; não me refiro a pessoas, nem a coisas, refiro-me a ideias, a conhecimento, a potencialidades.
Sim, todos nós temos a obrigação de promovermos a nossa formação e aprendizagem contínua. Não devemos ficar satisfeitos com o que nos promete a nossa zona de conforto. Aliás, permanecer na zona de conforto é, seguramente, caminhar para a estagnação, versus frustração.
Consciente desta realidade, volta e meia tenho acessos de inquietação, que me levam a encetar caminhos que me possam ampliar os meus horizontes desgastados, que já não me trazem o que tanto necessito – o novo, a novidade e, por conseguinte, o incentivo para fazer e experimentar coisas novas.
Quis a mão do acaso, durante o ano passado, que encetasse um ciclo de Formações, todas elas no domínio do digital. Aprendi como se cria um Site, aprendi como se faz o Marketing e Gestão de Redes Sociais e agora há poucos dias, aprendi como se produzem Conteúdos com o Apoio da IA.
Foi como um novo mundo que se abriu para mim. Doravante, dificilmente terei períodos de tédio. Quando me sentir menos bem, vá, toca de ir brincar nas plataformas de IA, criar coisas, desenvolver habilidades, seja lá o que for. Só sei que as horas passam num ápice, e uma pessoa durante esse tempo aprende umas coisas.
Mas vamos ao que interessa, pois que, o que acabei de descrever foi só um introito para o que vem a seguir, que é verdadeiramente a substância deste artigo:
Há pouco tempo iniciei um mini curso de Produção de Conteúdos com o Apoio da IA. Na primeira aula, eu estava toda expectante. Não admito sequer que houvesse lá alguém com as orelhas mais espetadas do que eu, na ânsia de não perder pitada, igual aceito, mais do que eu nunca.
A dada altura, o Formador deu-nos instruções no sentido de elaborarmos um trabalho (Exercício1), que consistia num comentário argumentativo, no site Padlet, sobre o tema “A importância das aplicações da IA Generativa em diferentes sectores (indústria, saúde, educação).” Além disso, o Formando deveria “abordar os benefícios e desafios éticos associados a cada sector”.
Bem, estava eu a preparar-me toda decente, para fazer um trabalho arrancado das entranhas, com as minhas ideias, as minhas impressões, ou seja, tudo aquilo que me era genuíno senão quando, ao aceder ao site Padlet, reparei surpresa, que já lá estavam espetados 3 trabalhos.
Três formandos já se haviam desembaraçado da incumbência, enquanto eu ainda estava numa espécie de pré limiar. Repare-se que, tive a consciência de atentar que nem sequer estar no limiar. Estava no pré limiar. Quase entrei em pânico. Não era para menos, se insistisse naquela postura ainda hoje estava por acabar esse trabalho.
Mas não é que me ocorreu, pelo meio do meu desespero, de que tinha um recurso? Ou seja, o melhor era partir para o Chatgpt e fazer “copiar colar” e toca a andar que se faz tarde. Foi o que fiz de imediato, e fui bem sucedida, embora com algum peso na consciência. Ainda sou da velha guarda, do tempo em que copiar, era um acto punido de todas as formas possíveis e imagináveis, considerado até como um pecado mortal.
Daí vinha a minha renitência, e de não ter sido ainda mais rápida. Depois de todos termos feito o exercício é que me ocorreu que não tinha cometido nenhum ilícito, mas antes tinha acabado de demonstrar uma habilidade, que actualmente, no contexto em que vivemos é muito apreciada, considerada até uma mais valia.
Para corroborar a minha defesa, veio-me à ideia o 3º Seminário (trans)FORMAR Inteligência artificial vs Inteligência emocional – Que equilíbrio?, promovido pelo CENFIM – Centro de Formação Profissional da Indústria Metalúrgica e Metalomecânica.
Esta Organização já promoveu até agora três Seminários, especialmente dirigidos a Formadores e Professores. Já que falo nisto, fica-se a saber que sou Formadora, detenho o que é conhecido pelo antigo CAP e também sou E-Formador e Moodle. Por conseguinte, também habilitada a ministrar formações através das plataformas online. Por isso gosto e faço questão de assistir e estes Seminários.
Não tenho exercido, tenho mais que fazer, mas fiz tudo isto com empenho, com gosto, com paixão. Não foi preciso que ninguém me motivasse, que me “empurrassem”. Fui eu quem decidiu que tinha de o fazer, em prol do meu desenvolvimento pessoal, e esta particularidade tem o condão de me fazer sentir vitoriosa, ainda que não retire mais proveitos. Nem tudo deve ser feito só a pensar nas recompensas materiais.
Faço também saber que, desde o 1º Seminário promovido pelo CENFIM, tenho vindo a elaborar um resumo, muito à minha maneira, de acordo com aquilo que mais me impacta, e que publico neste meu blog. Pode ser acessado o 1º Seminário aqui. O 2º Seminário aqui.
Mas o que tem sido feito do resumo do 3º Seminário, que teve lugar no Hotel Vila Galé, Coimbra, no dia 26 de outubro de 2024? ? Não existe! Ou melhor, não existia até agora. E se não existia uma razão houve: não fui capaz de o elaborar porque não lhe achei o fio condutor, a que estava habituada. Não consegui fazer uma harmonização entre os variados oradores e o tema que deu origem ao Seminário. Falha minha com toda a certeza.
Mas houve uma excepção.
Essa excepção foi a apresentação do Professor André Pinho. É certo que o Psicólogo João Leite – também presente, pela terceira vez, tantas quantos os Seminários, é sempre uma lufada de ar fresco, uma presença inspiradora, renovadora, mas eu já lhe conhecia a linha de pensamento, mais coisa menos coisa. A verdadeira novidade foi André Pinho que disse coisas que até agora ainda ando a digerir…uma delas é o incentivo aos seus alunos para que usem o CHATGPT. Pois, se esta plataforma nos dá a “papa feita” em segundos, para quê perder mais tempo? Para quê?
Assim, dito à queima roupa, pode parecer um convite ao facilitismo ao relaxismo, mas não é…
O Professor André Pinho – Strategy Consultant | Adjunct Professor | PhD candidate @ BRU-IUL | INSEAD MBA, também apresentado como “médico de empresas”, postula que a IA transformou a Educação. Segundo ele, é preciso ter em conta que a IA “constrói respostas estatisticamente prováveis, com base nas informações que podem ser pobres ou até erradas” – na medida em que o que sai é um produto daquilo que entra. Mas então, o aluno que faz o seu trabalho com a ajuda do CHAGPT têm sempre uma outra tarefa à sua frente: certificar-se da exatidão das respostas fornecidas, de tudo o que foi apresentado, e corrigir se for o caso. Ora, ninguém está habilitado a certificar e a corrigir, se não souber minimamente a matéria. Ponto assente!
Posto isto, de uma coisa podemos ter a certeza. Que este recurso torna tudo mais veloz, e a velocidade é hoje um dos parâmetros com muito valor acrescentado.
A saber, segundo André Pinho:
Recursos ou competências do passado, que passaram a ser secundários:
- Memorizar
- Qualidade à primeira
- Recolha de informação
- Capacidade de trabalho
Recursos mais valorizados actualmente, ou competências do futuro:
- Velocidade
- Raciocínio integrado
- Pensamento Crítico
- Co-criação
Destas competências uma delas tem retinido persistentemente nos meus ouvidos: O que é, no que consiste, afinal, o Raciocínio Integrado?
Eis a resposta, com ajuda do Chatgpt, claro:
“”é uma abordagem que busca combinar diferentes perspetivas, conhecimentos e metodologias para resolver problemas complexos, tomar decisões ou criar soluções inovadoras. Ele vai além de pensar em partes isoladas de um problema e considera a interconexão entre os elementos envolvidos, integrando aspetos quantitativos, qualitativos, lógicos, intuitivos e até emocionais“
Ora bem, foi a partir daqui que eu compreendi que, cabe às empresas criar os seus próprios talentos, treinando-os e fazendo-os sentir como parte integrante e importante dos processos criativos e produtivos. Ou seja, as pessoas têm de estar bem entrosadas nos processos porque só assim conseguem estabelecer as necessárias e imprescindíveis conexões. O conhecimento ocasional, isolado, não serve para nada, não funciona com eficácia.
Mas pronto, todo este meu arrazoado só para justificar que fiz e apresentei um trabalho à pala do CHATGPT. Pois, abençoado seja.
Adiante:
Durante o prosseguimento deste mini curso de Produção de Conteúdos com o Apoio de IA, nós, formandos, fomos convidados no “Exercício 2”, a criar um prompt de comando específico, sobre um tema à escolha, com a utilização de ferramentas de IA para geração de texto. Deveria ser utilizado em diferentes plataformas, para podermos discutir as diferenças entre elas.
Não consegui fazer durante a aula, pois fiz uma má aposta num determinado tema. A vantagem é que o trabalho poderia ser apresentado à posteriori, desde que fosse antes da próxima aula. Levei algum tempo a descobrir um tema que me interessasse. É que nestas coisas de estudo, de desenvolvimento pessoal, tem de haver gosto, paixão pelas coisas. Por que senão, tudo é um sacrifício. Mas num dado momento, veio-me à ideia um tema que me interessa bastante: a questão da nutrição de uma mulher da minha idade e com as actividades que desenvolvo, quer no trabalho, quer no meu tempo livre.
O mais curioso é que desconhecia de todo o que era o prompt! Saber no que consiste e suas regras foi um dos meus maiores ganhos. Bolas! Uma pessoa elabora um bom e eficiente prompt e qualquer plataforma de geração de texto nos dá um trabalho de fazer cair o queixo. Foi liminarmente o que me aconteceu com o meu prompt.
Fiquei de queixo caído!
E eu, que até tinha há uns tempos, recorrido aos serviços de uma nutricionista. Se for comparar o resultado que estas plataformas me forneceram, usei quatro, com o plano que essa nutricionista me facultou, nem sei o que dizer de tamanha pobreza.
Escusado será dizer que, ainda não comecei a seguir à risca o plano fornecido pelo Chatgpt, pois foi o que gostei mais, mas todos os outros têm um nível excelente. Mas logo vai. Nada de pressas. A pressa costuma ser má conselheira 😀
O Exercício nº 4, consistiu no desenvolvimento de um plano para uma marca ou organização fictícia, utilizando as estratégias de criação de conteúdo com IA. O Formando deveria definir os objectivos, o público alvo, os tipos de conteúdos, e as ferramentas de IA a utilizar.
Foi esclarecido que este plano apenas tinha como finalidade testar os conhecimentos adquiridos durante a formação pelo que, poderia incidir sobre a actividade profissional de cada um, algo que achássemos que poderia ser implantado.
Parti confiante para a tarefa proposta, já que tinha o mais importante, era detentora da técnica de como elaborar um bom e eficiente prompt.
Coloquei de parte a minha actividade profissional e incidi sobre a área em que fui especialmente preparada, já que apesar de não exercer formalmente, me custou muito dinheiro, garra, sangue, suor, pestanas queimadas e, sobretudo, muita convicção. Para alguma coisa me há de servir, ao menos! Estou a falar da formação em Serviço Social, vulgo Assistente Social.
Os meus olhos atónitos confirmaram o que já então suspeitava. Ou seja, o Plano apresentado, desenvolvido com IA e tendo em conta os parâmetros referidos no prompt, é simplesmente perfeito! Tudo feito em escassos minutos…
Com isto tudo, mal posso esperar pela próxima formação. Já está outra na calha!