“As Mulheres e a História”

Publicado por: Milu  :  Categoria: "As Mulheres e..., SOCIEDADE

LUTAMULHER

“A destra da mulher guerreira não pára de rabiscar a sua própria história.”

Aimara Schindler

Apontamentos breves da obra composta por reflexões críticas de diversos autores  sobre os 5 tomos da História das Mulheres no Ocidente.

Introdução – Michelle Perrot – Professora da Universidade de Paris VII – Jussieu:

Pierre Bourdieu – “A visão feminina é uma visão dominada que não se vê a si própria (…). Pergunto a mim próprio se a História das Mulheres põe a questão da visão das mulheres, se nos devolve na realidade uma visão de mulheres” (p.11).

Gianna Pomata – Professora das Universidades de Bolonha e de Minneapolis:

“Ainda que não se devam misturar história das mulheres e história do género, é claro que as duas estão ligadas e que são indispensáveis uma à outra. O que acho frustrante na maior parte dos ensaios sobre a representação das mulheres na História das Mulheres é o facto de eles não tratarem nem da história das mulheres nem realmente da história do género. Não pertencem à história das mulheres porque se centram nos discursos masculinos sobre as mulheres, e ensinam-nos mais sobre os homens do que sobre as mulheres” (p.29).

Roger Chartier – Diretor de Estudos na École des hautes études en sciences sociales:

“A construção da identidade feminina enraíza-se na interiorização pelas mulheres de normas enunciadas pelos diversos discursos masculinos. A tónica deve ser portanto posta nos dispositivos que asseguram a eficácia dessa violência simbólica que, como escreve Pierre Bourdieu, «Só triunfa na medida em que aquele (aquela) que a sofre contribui para a sua eficácia; só o (a) coage na medida em que ele (ela) foi predisposto (a) por uma aprendizagem preliminar a reconhecê-la.» Um objecto maior da história das mulheres é, por isso, o estudo dos discursos e das práticas, desdobrando-se em múltiplos registos que garantem (ou devem garantir) que as mulheres consintam nas representações dominantes da diferença entre os sexos: assim a divisão das tarefas e dos espaços, a inferioridade jurídica, a inculcação escolar dos papéis sociais, a exclusão da esférica pública, etc. Longe de afastarem do “real” e de se limitarem a indicar as figuras do imaginário masculino, as representações da inferioridade feminina incansavelmente repetidas e mostradas, inscrevem-se nos pensamentos e nos corpos de uns e outras. Este tipo de incorporação da dominação não exclui, contudo, divergências e manipulações. Como prova, veja-se, antes de mais, o “efeito de beleza”, Para as mulheres, conformarem-se aos cânones corporais (de resto, móveis e plurais) editados pelo olhar e desejo dos homens não é apenas vergarem-se a uma submissão alienante, mas também construírem um expediente que lhes permita deslocar ou subverter a relação de dominação. O “efeito beleza” deve portanto ser entendido como uma tática que mobiliza para os seus fins próprios uma representação imposta – aceite mas virada depois contra a ordem que a produz” (p. 39-40).

“Definir a submissão imposta às mulheres como uma violência simbólica ajuda-nos a compreender como a dominação, que é uma relação historicamente, culturalmente e linguisticamente construída, é sempre afirmada como uma diferença de natureza, radical, irredutível, universal” (p. 40-41).

“Inscrita nas práticas e nos factos, organizando a realidade e o quotidiano, a diferença sexual (que é sujeição de umas e dominação de outros) é sempre constituída pelos discursos que a fundam e legitimam. É assim que a repartição do trabalho segundo os sexos na época da Revolução Industrial é “produzida” por todos os discursos – os da economia política das legislações estatais, das exigências dos patrões, das reivindicações sindicais – que enraízam numa diferença de natureza a oposição entre a actividade doméstica e a atividade assalariada, entre função reprodutora e trabalho produtivo, entre o lar e a fábrica. Para Joan W. Scott, foram estes discursos que provocaram «uma divisão sexual da mão-de-obra no mercado de trabalho, concentrando as mulheres em certos empregos, colocando-as sempre na base de uma hierarquia profissional e estabelecendo os seus salários a níveis insuficientes para lhes garantir a subsistência». Longe de ser o reflexo ou a representação das evoluções económicas, a noção de divisão “natural” das tarefas segundo os sexos deve ser pois considerada um factor do desenvolvimento industrial, uma justificação, em nome de uma definição ideal das tarefas próprias das mulheres, da condição inferior que lhes é atribuída no mercado de trabalho das manufacturas” (p. 41-42).

Jacques Rancière – Professor de Filosofia na Universidade de Paris VIII:

“O livro contraria aqui o tema muito difundido de uma certa historiografia do feminino: entre a mulher do século XVII, enérgica, presente no espaço público, na primeira linha de todas as comoções, e a mulher do século XIX, iconizada e enclausurada no espaço doméstico. Esta imagem em díptico opõe uma realidade dos corpos no espaço social à futilidade das palavras e das aparências da proclamação revolucionária igualitária. A tomada de posição aqui assumida é a inversa: o que, em primeiro lugar conta não é saber se as mulheres ocupam mais ou menos espaço mas qual é a natureza do espaço que elas podem ocupar, a natureza dos títulos de ocupação desse espaço.
Ora, o espaço público aberto pela declaração revolucionária é um espaço onde de direito todos os membros da comum idade cidadã têm os mesmos direitos, um espaço onde, por consequência, o que atenta contra as mulheres pode ser representado e argumentado como atentado universal, atentado da comunidade contra si própria, na própria contradição da igualdade formal de todos e da não-inclusão de metade da humanidade nesse todo. Do mesmo modo, o espaço económico da dominação do salariato é o espaço onde a mulher enquanto trabalhadora pode separar-se da sua afetação doméstica, na própria contradição da sobrexploração salarial e da individualidade autónoma” (p .46).

Pierre Bourdieu – Professor do Collège de France:

“A relação de dominação, neste caso, exerce-se essencialmente através da violência simbólica, quer dizer, através da imposição de princípios de visão e de divisão incorporados, naturalizados, que são aplicados às mulheres e, em particular, ao corpo feminino.
A submissão à ordem estabelecida garantida pelo acordo imediato entre as estruturas objectivadas e as estruturas cognitivas nada tem de um consentimento consciente, de uma adesão electiva; é um reconhecimento prático, tácito, infraverbal (…)”(p. 58).

“A visão feminina é uma visão dominada que não se vê a si própria. O historiador e a historiadora devem, portanto, submeter a sua própria visão à reflexão crítica se quiserem ficar em condições de pôr em questão os pressupostos que podem ser-lhes impostos pela violência simbólica e que podem vedar-lhes o acesso à visão das mulheres. (…) Como reconstruir os olhos das mulheres, como tratar enquanto sujeitos de percepção essas mulheres que são sempre objectos de percepção – até para si próprias, durante todo o tempo em que se apliquem a si mesmas as categorias de percepção dominantes, ou seja, masculinas, e se vejam com um olhar masculino? Pergunto a mim mesmo se a História das Mulheres põe a questão da visão das mulheres, se nos dá de facto uma visão de mulheres, palavras de mulheres (as palavras das mulheres que têm acesso à publicação, à ordem pública, não serão, por definição, palavras alteradas?). E as mulheres que tiveram a iniciativa de escrever a História das Mulheres, poderão levar até ao fim a interrogação, na medida em que aceitem (tacitamente) a visão dominante, quer dizer, a divisão entre a verdadeira história, a “Grande História” e as “pequenas histórias”, as “histórias de mulherzinhas”, fúteis e um tanto pueris, as que veiculam os jornais femininos e certos romances escritos por mulheres, como as irmãs Brontê ou George Eliot, sem falar dos mexericos e conversas de comadres, e de todo o universo secreto da tagarelice feminina, globalmente desvalorizada. As mulheres que escrevem a História das Mulheres não assumirão sobre as mulheres cuja história escrevem (e sobre si próprias) o ponto de vista dominante, condenando-se a deixar assim de lado o essencial daquilo que faz a visão das mulheres, o lado menor da história (…) o público visto do privado, do doméstico?” (p. 59).

Arlette Farge – Diretor de Investigação do CNRS e Michelle Perrot:

“Para os períodos antigos, sobretudo no que às imagens se refere, tudo o que possuímos inclui maioritariamente produções masculinas. Adotar o ponto de vista das relações entre os sexos é então tentar desconstruir as representações, a linguagem, o próprio olhar dos homens” (p. 62).

Michelle Perrot: 

“Não há um poder, mas vários poderes desmultiplicados e imbricados no corpo social.
A questão dos poderes está no núcleo das relações entre os sexos. Toda a história destas poderia – deveria? – ser escrita em função da articulação cambiante das suas formas de poder, simbólicas e reais, teóricas e práticas” (p. 69).

“Janine Mossuz-Lavau estuda a tomada do poder das mulheres sobre o seu corpo através das lutas recentes pela liberdade das práticas da contracepção e do aborto. A leitura dos debates parlamentares, de resto bastante explícitos, mostra a tenacidade, ou mesmo a ansiedade, das resistências havidas. “O corpo de uma mulher grávida não é dela, já não é dela; portadora de uma outra vida, não pode dispor desta última” (1979). (…) E a liberdade de procriação das mulheres priva os homens da “altiva consciência da sua virilidade fecunda”. Como se os homens, desapossados da propriedade do corpo das mulheres, perdessem o seu apanágio e, com ele, uma parte da sua identidade sexual” (p. 70).

“Françoise Héritier-Augé comenta, enquanto antropóloga, as afirmações de uns e outros. Sublinha a longa duração e a universalidade, sob formas variáveis, das divisões e dos símbolos sexuais, a generalidade do não-reconhecimento das mulheres como indivíduos responsáveis e “seu aprisionamento na função reprodutora”. “ O que parece tão óbvio, incluindo no plano da representação que dela fazem homens e mulheres, que deixa de ser preciso explicitá-la”. “Faz parte das evidências que, sendo-o, se tornam de desconstrução mais difícil. Nada é mais complicado que abrir os olhos. Exige tempo”.

Pierre Rosanvallon – Diretor de Estudos na Écoles des hautes études en sciences sociales:

“O casamento, explica Élias Regnault, não é só um elo contratual entre dois indivíduos, cria “um ser humano novo”. A mulher perde de certo modo qualquer coisa da sua individualidade neste processo, assentando o seu pensamento e a sua vontade nos do esposo que desempenha o papel de órgão representativo do casal”(p.75).

Janine Mossuz-Lavau – Diretora de investigação do CNRS e da Fondation nationale des scienses politiques:
Sobre os direitos dos homens contra os direitos das mulheres

“Em 1967, na Assembleia Nacional (França), uma parte dos representantes do centro e da direita exprimem a maior hostilidade em relação ao projecto que visa legalizar a contracepção devido justamente às prerrogativas que o novo direito conferiria às mulheres. Não só, diziam eles, estas poderão tomar a pílula às escondidas do marido, como mais ainda, “podendo sempre”, tornar-se-ão “um objecto de volúpia estéril”, privando assim os homens da “altiva consciência da sua virilidade fecunda” (conforme sublinha Jean Coumaros da UD-Vᵉ, JO, 2 de Julho de 1967. Além disso, beneficiando da impunidade, as mulheres serão expostas às piores tentações. Deixando o medo da polícia – a gravidez, na circunstância – de atuar, arriscam-se a abandonar o respeito que devem à família. Declara-se, portanto, que “a pílula vai favorecer ainda mais os amores ilícitos e abalar os alicerces da família” (JO, 2 de Julho de 1967). Para os detractores do projecto, o que se joga é uma transferência de poderes que eles não estão, pelo seu lado, dispostos a aceitar. As prerrogativas do homem são igualmente adiantadas por altura dos debates sobre a IGV (Interrupção Voluntária da Gravidez). Aceitar esta última é conceder à mulher o direito de abortar sem o consentimento do pai do filho, sem sequer o consultar, o que equivale a desapossar o homem de uma ancestral autoridade”(p. 82).
“Mas, ao longo de todo este combate a favor da emancipação sexual das mulheres, os adversários do projecto não se limitaram a denunciar o abandono de direitos que a tradição fizera masculinos. Deitaram também mão aos direitos dos filhos, tentando fazer triunfar a sua causa” (p. 83).

Maurice Godelier – Diretor de estudos da École des hautes études en sciences sociales:

 

Ponto de vista de um antropólogo

“É evidente que a prática da antropologia, quando se vira para as relações homens-mulheres, exige um duplo descentramento. O descentramento habitual do etnólogo, que deve assumir distância em relação à sua cultura de origem, na ocorrência de uma cultura ocidental, caso viva na Europa ou nos Estados Unidos, e um descentramento em relação ao seu sexo. A crítica do etnocentrismo em cada um de nós e a do androcentrismo quando o “nós” é masculino, são as duas condições preliminares da investigação, devendo ser ininterruptamente elaboradas.

Os Baruya vivem na Nova Guiné. São uma sociedade de agricultores-caçadores dividida em clãs patrilineares, em que os homens se encontram organizados por classes de idade na base de rituais de iniciação e se casam mediante a prática entre si da troca directa das suas irmãs reais ou classificatórias. Os filhos pertencem ao clã do pai, mas a mulher tem o direito absoluto de matar o filho à nascença ou antes de retomar a vida em comum com o esposo. As representações que os Baruya formam do indivíduo e do processo da concepção de um ser humano correspondem a este sistema patrilinear e a esta forte desigualdade estatutária entre homens e mulheres. Um filho é considerado como sendo concebido pelo esperma do pai. O leite materno é uma substância feminina mas pensada como uma transformação do esperma do homem, esperma que é dado a ingerir à mulher durante os primeiros tempos do seu casamento, antes de ela estar grávida do primeiro filho. Mas esta sociedade fortemente repressiva em relação às mulheres tem por segredo o facto de ser dupla a fonte de poder dos homens – trata-se, por um lado, dos poderes que os espíritos deram directamente aos homens sem passar pelas mulheres e, por outro lado, de todos os poderes de que os homens expropriaram as mulheres e que são, portanto, poderes femininos de que os homens se apropriaram e puseram depois ao serviço do bem comum” (p. 94).

“Para não sairmos da Oceânia, se passarmos às ilhas Trobriand estudadas por Malinowski, achar-nos-emos perante uma sociedade matrilinear, de agricultores e de pescadores, dividida entre uma aristocracia tribal hereditária que concentra os poderes religiosos e políticos, e uma maioria de pessoas comuns. Nesta sociedade, os filhos não pertencem ao pai, mas à mãe e aos irmãos da mãe, aos tios maternais. A substância do indivíduo é concebida como feita do sangue menstrual das mulheres que se combina com um espírito pertencente ao clã da mãe, espírito ancestral que vem reencarnar no ventre dela. Nesta sociedade, o esperma não entra na conceção do filho, mas constitui ao mesmo tempo um alimento para o feto e uma força que lhe molda a forma no ventre da mãe. As mulheres constituem o eixo eterno da reprodução das matrilinhagens” (p.94).

“A diversidade das formações políticas que existem na superfície do planeta resulta de não haver lei geral de evolução da sociedade humana” (p.96).

“A exclusão ou subordinação têm sempre de se legitimar. A dominação não repousa apenas na violência, física ou psicológica. Implica sempre a partilha pelo menos parcial das mesmas representações pelos dois sexos, partilha que induz na consciência e na vontade dos indivíduos uma certa forma de consentimento, e portanto de cooperação, relativamente à sua própria subordinação” (p. 97-98).

A exclusão legitima-se através de um denegrimento sistemático da capacidade do outro sexo para produzir certas coisas (a caça, a metalúrgica, etc), ou para reproduzir os seres (e neste caso os homens pretendem, iniciando os rapazes, reengendrá-los fora do ventre das mulheres), ou para discernir o que é o bem e o mal para a sociedade e, por conseguinte, para a saber dirigir. Para excluir, é preciso denegrir, e este denegrimento é antes do mais uma operação ideal; os homens atribuem às mulheres no imaginário impotências que elas não têm ou concedem a si próprios potências que não têm, aumentam-se idealmente e rebaixam idealmente também o outro sexo” (p.98).

“Por fim, nunca devemos perder de vista que todas estas lógicas sociais mergulham no corpo. O indivíduo é investido desde o nascimento, seja rapaz ou rapariga, pelas representações e pelas normas que definem o lugar do seu sexo na sociedade. A natureza constitui sempre um espelho viciado da cultura. No corpo, o eu encontra o que lá foi posto. Porque é aqui que, de começo, a sociedade nos toca. De facto, o grande suporte da legitimidade social, no que se refere à diferença de estatuto entre os sexos, é a sexualidade” (p.98).

Françoise Héritier-Augé – professora do Collège de France:

“O poder é negado à mulher enquanto verdadeiro indivíduo, porque as mulheres são, antes de mais nada, mulheres – quer dizer, marcadas “pelas determinações do seu sexo”. Assim, por conseguinte, é realmente de sexo que se trata. O tipo natural do indivíduo é o homem, no qual o sexo, de que se não fala como alicerce da teoria do indivíduo, é valorizado” (p. 104 ).

François de Singly – Professor de Sociologia da Universidade de Paris V-Sorbonne: 

“Na vida privada, este individualismo exige que os homens e as mulheres se tornem ou em todo o caso, creiam tornar-se “inventores” do seu próprio destino. A atribuição de um sexo à nascença, de uma categoria que decidiria para sempre da conduta de uma pessoa é algo que contrairia os novos mitos. A rutura com a codificação a priori em masculino e feminino participa da crença num mundo social em que os caminhos não se encontram de antemão desenhados. Para que o “si próprio” de cada um se cumpra, deve deixar de ser portador do espartilho sociodemográfico constituído do sexo, da posição social, da idade, e deve sentir-se livre.
Regista-se esta recusa, na organização da vida privada, sobretudo por parte das mulheres, que não querem que lhes seja atribuído este ou aquele trabalho em nome da diferença de sexo. Nos casais ditos modernos, pelo menos, as etiquetas “masculino” e “feminino” coladas ao trabalho doméstico, à cozinha, à bricolage, são rasgadas ou apagadas. É proibida a orientação segundo o sexo, são os gostos, as competências, o tempo disponível de cada um que doravante devem servir de critério.
Mas…
O resultado, que os dados dos inquéritos objectivam, continua, apesar de tudo, a ter estranhas semelhanças com os do jogo dos papéis segundo o sexo, mas os jogadores podem ficar com a sensação de estar a viver perigosamente o seu amor. Esta ilusão é criada a partir de uma ligeira fratura ocorrida na transmissão intergerações: basta que o homem faça alguma coisa que o pai da sua companheira não fazia ou de que a sogra se encarregava, basta que não exija em casa alguma coisa que na geração anterior os homens reivindicavam como sendo-lhes devida, para que o casal pense (nos dias de maior encantamento, pelo menos) ter levado a cabo a revolução conjugal. Entre as representações que gabam a partilha das tarefas e as práticas que pouco a revelam, há esta pequena diferença – estes cerca de quinze minutos do homem -, que, à falta dos amanhãs que cantam, faz pensar num presente melhor do que no passado” (p. 121-122).

George Simmel – “Faz parte dos privilégios do senhor, ele não poder pensar que é o senhor, ao passo que a posição de escravo implica que este jamais esqueça a sua posição”  (p. 122).

O masculino é menos perceptível do que o feminino, na medida em que o primeiro pode mais facilmente disfarçar-se de interesse geral: “os conteúdos culturais completamente neutros na aparência” mascaram “a essência masculina”.

Bibliografia:

DUBY, Georges. PERROT, Michelle. (1995). As Mulheres e a História. Publicações D. Quixote. Lisboa.

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