A Fenda
A Fenda
De
Doris Lessing
Doris Lessing prémio Nobel da Literatura 2007 nasceu no Irão em 1919, filha de pais ingleses, viveu no Zimbabué até 1949, altura em que foi viver para Grã-Bretanha. Em 1950 publicou o seu primeiro romance com o qual granjeou grande sucesso na Europa e nos EUA. A partir de então publicou mais de 50 livros desde romances, contos, poesia, teatro e não ficção, destacando-se como uma das mais aclamadas escritoras contemporâneas. Foi galardoada com diversos prémios entre os quais o prémio Príncipe das Astúrias e o prémio David Cohen British Literature Prize no ano de 2001. A Academia Sueca distinguiu-a com o Prémio Nobel da Literatura 2007.
“A Fenda” é uma obra da autoria do Prémio Nobel da Literatura 2007, Doris Lessing, que tem vindo a ser referenciada como alguém que busca inspiração no domínio peculiar e muito próprio das relações entre os dois sexos. Frequentemente apelidada de feminista, esta circunstância deve-se a uma marcada tendência para enaltecer o princípio feminino. Este livro tem a sua origem na publicação de um artigo científico que defendia a hipótese de “a estirpe humana básica e primordial ser feminina e de o aparecimento dos homens ser mais tardio”. Estava dado o mote! A imaginação não se fez rogada! No início, o desprevenido leitor fica um tanto desconfiado, mas, ainda assim, vai prosseguindo! Em dada altura, dá por si embrenhado numa desconcertante narrativa que, explora, passo a passo, uma forma possível e bem capaz de ilustrar, como foi que se geraram e evoluíram as relações entre ambos os sexos. No começo existiam, apenas, as mulheres! Eram as Fendas! Formavam uma comunidade que ali tinha tido a sua origem. Sabe lá Deus como! Um local à beira do mar, povoado de rochedos nos quais se albergavam numerosas grutas servindo de acolhimento às naturais, que viviam agrupadas em famílias, onde cada uma delas desempenhava uma função indispensável ao bem-estar e sobrevivência da comunidade. Eram elas, as Apanhadoras de Peixe, as Fazedoras de Redes, as Curadoras de Peles de Peixe, as Colhedoras de Algas e as Guardas da Fenda! Por entre os penhascos existiam abundantes rochas, lisas e mornas, onde habitualmente as mulheres, gordas e de enormes seios, se esparramavam num deleite preguiçoso!
Integrado na mesma paisagem, encontrava-se um rochedo que se destacava dos demais por a sua morfologia abrigar um buraco ou fenda para onde, todos os anos, na estação fria, era atirada uma das mulheres, num acto de obediência a um qualquer ritual. A este rochedo, que pelo seu simbolismo dominava o local, chamavam elas a Fenda! Fosse por influência deste rochedo, da Lua ou até mesmo enquanto se banhavam nas águas mornas do mar, o certo é que estas mulheres engravidavam e davam à luz! Esta condição, no entanto, obedecia a uma particularidade, nasciam apenas bebés do sexo feminino ou Fendas e, assim deve de ter decorrido uma eternidade! Se para tudo há sempre uma primeira vez, é mais que certo que este equilíbrio, se entendido como uma permanente ausência de conflitos, alguma vez teria de vacilar! Um dia teria de nascer um bebé de sexo masculino! Assim que o viram, imediatamente o consideraram um Monstro! Aos incrédulos olhos destas mulheres o pequeno ser apresentava um corpo deformado, onde estranhamente sobressaiam uns estranhos altos e inchaços e um tubo que por vezes se assemelhava a um pequeno esguicho! Trataram logo de lhe dar sumiço levando-o para um rochedo para que morresse lá! E outros mais lhe sucederam! Assim que nasciam eram levados para o Rochedo da Morte, onde agora poisavam enormes águias que pegavam nos bebés com as suas poderosas garras e os levavam para os ninhos para servirem de alimento às crias! Muito tempo após ter nascido o primeiro Monstro, uma destas mulheres avistou próximo da Montanha das Águias um deles, reparou que este trazia a parte do corpo deformada tapada com um pano feito de pele de peixe! O que se passaria, afinal, para lá daquela montanha? Teriam as Águias poupado os Monstros?
Janeiro 1st, 2009 as 14:40
De Loris Lessing li “Gatos e mais gatos”, uma delícia mesmo para quem não tem gatos. E lá, por exemplo, isto:”Gata cinzenta vestiu a gravidez com ligeireza.Corria até ao fundo do jardim, subia à árvore e voltava; depois outra vez, e outra; sendo o objectivo disto o momento em que, agarrada à árvore, ela virava a cabeça, olhos semicerrados, para receber os aplausos.”
A preço razoável, consegui “Um casamento Apropriado” e “Um Murmúrio da Tempestade”, edições anteriores à sua consagração como Prémio Nobel.
Mas, ao que consta, “The Golden Notebook ” será o melhor, embora estas classificações possam deixar muito a desejar. E nunca mais sai a tradução…
Aproveito para desejar um Bom Ano, com muitas boas leituras.
Janeiro 1st, 2009 as 14:55
Obrigada! Um Bom Ano para si! Espicaçou-me a curiosidade! Vou ver se leio mais obras desta autora! 😀