Tempo…

Publicado por: Milu  :  Categoria: CORRENTES, Tempo...

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A minha amiga donagata lançou-me o repto para dar  continuidade a  uma  corrente de poesia. Tenho reparado que nem todos os blogueres apreciam este tipo de iniciativas e as correntes por aí andam estraçalhadas,  com os elos ao Deus dará, no entanto, pela parte que me toca até gosto de alinhar. Primeiro porque em nada me estorva, depois porque é, ao cabo e ao resto,  mais  uma oportunidade para fazer o gosto ao dedo –  escrever além de  outra coisa que lhe está subsequente – comunicar! Portanto, mãos à obra! Decidi insistir no mesmo tema – o Tempo. À medida que se avança nos anos, o tempo ganha outra dimensão, temos mais consciência de quanto são fugazes alguns momentos! Quando era miúda não via jeitos de crescer, um ano, apenas um ano, parecia uma eternidade!…  Queria tanto deixar de ser criança! Queria tanto ser gente crescida, para ser levada a sério! Para fazer  parte daquele mundo  onde os adultos são soberanos… Ora vou-me deixar de conversas e vá de ir ao que interessa…

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Tempo

Tempo — definição da angústia.
Pudesse ao menos eu agrilhoar-te
Ao coração pulsátil dum poema!
Era o devir eterno em harmonia.
Mas foges das vogais, como a frescura
Da tinta com que escrevo.
Fica apenas a tua negra sombra:
— O passado,
Amargura maior, fotografada.

Tempo…
E não haver nada,
Ninguém,
Uma alma penada
Que estrangule a ampulheta duma vez!

Que realize o crime e a perfeição
De cortar aquele fio movediço
De areia
Que nenhum tecelão
É capaz de tecer na sua teia!

Miguel Torga, in “Cântico do Homem”

E os blogs por mim seleccionados para a continuação desta bela e inspiradora corrente são!

Dispersamente

F-se

Macroscopio

O Burriqueiro

Oficina das ideias

Caixa de pregos

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