“A beleza das coisas está no espírito de quem as contempla.”
DAVID HUME
Por fim eis-me aqui. O tempo foi passando sem que tivesse postado algo de novo para actualizar o blog. Terminei de ler um livro e já vou na leitura de um outro. Já devia ter feito um resumo do primeiro, mas não me tem apetecido escrever! Logo eu! Que tanto gosto de escrevinhar e de transmitir os meus pensamentos. Por outro lado, também é verdade que nem sempre me apetece dar largas aos devaneios do espírito! Porque quando escrevo digo o que sinto, faço-o sem rodeios e sem que me preocupe em disfarçar seja o que for. Nem por um instante sequer, me assoma o melindre por assim revelar o meu sentir. Faço mesmo questão de não pôr arreios na alma!
Para escrever preciso de estar sob um determinado estado de espírito, que pode ser despoletado por acontecimentos especiais ou, até, pelas coisas bem simples da vida. Tão simples, que há quem passe por elas sem que disso dê conta! Mas, pela parte que me toca, soube manter ao longo da minha vida, a capacidade instintiva para me maravilhar e sentir prazer nas coisas mais elementares e inerentes da vida, como por exemplo, quando acordo numa manhã luminosa de sol a ouvir o chilrear e o trinar das aves, que desconfio terem feito ninhos, algures nos recônditos do telhado da minha casa. Ou, quando no conforto da minha cama ouço lá fora, na rua, chover a cântaros e o sopro lancinante do incansável vento. Toda eu me delicio quando sinto a pairar pela casa, o doce e reconfortante aroma dos bolos que cozem no forno, ou do café, acabadinho de fazer. Coisas bem simples, mas que albergam em si o condão de me fazerem sentir bem!
Mas o que mais me encanta são os gestos gentis de que algumas pessoas são capazes, e que logo me fazem pensar que já ganhei o dia. Seja em situações de intenso trânsito na estrada, quando no cúmulo do desespero alguém me dá a oportunidade de passagem, seja numa fila de supermercado, ao cederem-me a vez por ter um número reduzido de compras, ou sempre que me oferecem uma palavra amiga e um espontâneo sorriso.
E mais satisfeita fico quando alguém me dirige um inesperado e belo elogio. Tal como me aconteceu há uns dias, quando participei com alguns comentários no blog Aldeia da Minha Vida, a propósito da Blogagem Colectiva, uma iniciativa que visa divulgar a cultura e as tradições dos mais diversos lugares, eleitos pelos participantes. E não é que um dos participantes, que apresentou um texto onde caracteriza a sua aldeia e ao qual fiz um comentário, me respondeu com outro, do qual tanto gostei!
E quando nos sentimos assim, agraciados com tão amável atenção, até o dia corre melhor! Parece que a vida nos sorri! Obrigada José Pinto! Por ter sido tão simpático! E, já agora, aproveito esta providencial ocasião, para o congratular por ter ganho o primeiro prémio! Os meus Parabéns para si e para a aldeia de Cabeça (Seia), por si tão venerada!
Respondendo à Milu:
Antes de mais, quero dizer-lhe que escreve muito bem. Fez uma descrição estupenda de pormenores que fazem falta nas linhas do meu texto.
Já espreitei o seu blogue. É muito espontânea. Tem uma visão crítica impressionante do tempo da sua vida. A sua personalidade está espelhada no realismo com que aborda “os Livros que lê”. É impressionante o detalhe com que descreve o pulsar da sociedade na época da biblioteca itinerante e da literatura de cordel. Aquela sua avidez pela leitura num país de leitura formatada…!
Agradeço o seu excelente comentário.
Abraço.