“O poder de um ser humano não está na sua musculatura mas na sua inteligência. Os fracos usam a força, os fortes usam a sabedoria…”
Augusto Cury
“A inteligência morre ao imitar os outros. Se o leitor quiser continuar a ser inteligente, terá de se deixar de imitações. A inteligência suicida-se ao copiar, ao tornar-se uma cópia a papel químico. No momento em que o leitor começar a pensar na forma de vir a ser como uma outra pessoa, estará a abandonar a sua inteligência, estará a tornar-se estúpido. No momento em que o leitor se comparar a uma outra pessoa qualquer, estará a perder o seu potencial natural. Então nunca será feliz e nunca será puro, límpido, transparente. Perderá a sua claridade, perderá a sua visão. Terá olhos de empréstimo; e como poderá o leitor ver através dos olhos de uma outra pessoa? O leitor precisa dos seus próprios olhos, precisa das suas próprias pernas para caminhar, do seu próprio coração a bater.
As pessoas estão a viver uma vida de empréstimo, daí que a sua vida esteja paralisada. Essa paralisia fá-las parecer estúpidas.
É preciso um tipo de educação totalmente diferente. A pessoa que nasce para ser poeta prova ser estúpida a Matemática, e a pessoa que poderia ser um grande matemático está simplesmente a empinar História e a sentir-se perdida.
Está tudo de pernas para o ar porque a educação não está de acordo com a natureza de cada um.
Não tem qualquer respeito pelo indivíduo, obriga toda a gente a determinado padrão.
Provavelmente por acaso, o padrão serve para algumas pessoas, mas a maioria perde-se e a maioria vive na infelicidade.
A maior infelicidade na vida é a pessoa sentir-se estúpida, sem valor, sem inteligência – e ninguém nasce sem inteligência, ninguém pode nascer sem inteligência, porque todos nós temos origem na existência. A existência é pura inteligência. Quando vimos a este mundo, trazemos connosco um sabor, um aroma do Além.
Mas a sociedade salta imediatamente em cima de si, começa a manipular, a ensinar, a mudar, a cortar, a adicionar, e, em breve, o leitor perde todo o feitio, toda a forma.”
“A sociedade quer que o leitor seja obediente, conformista, ortodoxo. É desse modo que a sua inteligência é destruída.
O que lhe foi imposto é uma prisão dentro da qual o leitor vive – pode deixá-la. Será difícil deixá-la porque está muito habituado a ela. Será difícil deixá-la porque não é como se fosse uma peça de roupa; tornou-se praticamente a sua pele, há tanto tempo que vive nela. Será difícil deixá-la porque dentro dela está toda a sua identidade – mas tem de a deixar se quiser realmente reclamar o seu ser real.
Se quiser realmente ser inteligente, terá de ser um rebelde.
Só um rebelde é inteligente.
Que entendo eu por rebelde?
Ser rebelde é pôr de lado tudo o que lhe foi imposto contra a sua vontade.
Volte a procurar ser quem é, recomece do princípio. Pense que, até ao presente, o seu tempo tem sido um desperdício, porque o leitor tem seguido o que lhe foi imposto.
Ninguém se parece com ninguém, cada pessoa é única – é essa a natureza da inteligência – e cada pessoa é incomparável. Não se compare a ninguém. Como pode comparar-se? O leitor é o leitor, e o outro é o outro. Não são iguais, por isso não é possível uma comparação.
No entanto, todos nós fomos ensinados a fazer comparações e passamos a vida a comparar.
Directamente, indirectamente, conscientemente, inconscientemente, comparamos. E se o leitor comparar, nunca se respeitará a si próprio: há quem seja mais belo, há quem seja mais alto, há quem seja mais saudável e há quem seja qualquer outra coisa; há alguém que possui uma voz musical… E o leitor sentir-se-á cada vez mais oprimido se continuar a comparar-se. Andam por aí milhões de pessoas; o leitor ficaria esmagado com tanta comparação.
E o leitor tinha uma alma muito bela, um ser muito belo que queria desabrochar, que queria tornar-se uma flor dourada, mas o leitor nunca deixou.
Liberte-se. Ponha tudo de lado.
Readquira, reclame a sua inocência, a sua infância. Jesus tem razão quando diz: «Se não renascerdes de novo, não entrareis no Reino de Deus.» E eu digo-lhe o mesmo a si: se não renascer de novo…
Ponha de lado todo o lixo que foi acumulado sobre si. Seja fresco, comece do princípio, e ficará surpreendido com toda a inteligência que se liberta de imediato.
Inteligência é a capacidade de ver, de compreender, de viver a sua própria vida de acordo com a sua própria natureza. Inteligência é isso.
E o que é a estupidez?
É seguir os outros, imitar os outros, obedecer aos outros. Olhar através dos olhos dos outros, tentar absorver o conhecimento dos outros como conhecimento seu – estupidez é isso.
É por isso que os pânditas são quase sempre pessoas estúpidas. São papagaios, repetem. São gravações. Podem ser peritos a repetir, mas deixe que surja alguma coisa nova, alguma coisa que não esteja escrita nos seus livros, e eles ficam sem saber o que fazer. Não têm nenhuma inteligência.
Inteligência é a capacidade de responder, momento a momento, à vida tal como ela acontece e não segundo um programa.
Só as pessoas não inteligentes é que têm um programa. Têm medo; sabem que não têm inteligência suficiente para se encontrarem com a vida tal como ela é. Têm de estar preparados, têm de ensaiar. Preparam uma resposta antes de a pergunta ter sido feita – e é assim que provam ser estúpidas, porque uma pergunta nunca se repete. A pergunta é sempre nova.
Cada dia traz os seus problemas, os seus próprios desafios, e cada momento traz as suas próprias perguntas.
E se o leitor tiver respostas prontas na sua cabeça não será capaz sequer de ouvir a pergunta. Estará tão cheio da sua resposta, que será incapaz de ouvir. Não estará disponível. E faça o que fizer, fá-lo-á de acordo com a resposta que tem pronta – o que é irrelevante, o que não tem qualquer relação com a realidade tal como ela é.
Inteligência é relacionar-se com a realidade, de improviso. E a beleza de encarar a vida de improviso é tremenda. A vida apresenta então frescura, juventude; a vida tem então fluidez e vivacidade. A vida apresenta então muitas surpresas. E quando a vida apresenta todas essas surpresas, o enfado nunca se instala dentro de si.
A pessoa estúpida está sempre aborrecida. Está aborrecida por causa das respostas que adquiriu dos outros e que está sempre a repetir. E está aborrecida porque os seus olhos estão tão cheios de conhecimento que não consegue ver o que está a acontecer. Sabe demais sem saber nada. Não é sábio, é apenas bem informado. Quando olha para uma rosa, não olha para essa rosa. Todas as rosas sobre as quais leu, todas as rosas de que os poetas falaram, todas as rosas que os pintores pintaram e os filósofos discutiram e todas as rosas de que ouviu falar estão diante dos seus olhos – numa grande fila de recordações, de informações. A rosa que tem diante de si perde-se nessa fieira de memórias, nessa multidão. Ele não a consegue ver. Só sabe repetir; diz: «Esta rosa é bela.» Essas palavras também não são da pessoa, não são autênticas, não são sinceras, não são verdadeiras. A voz é de uma outra pessoa… Limita-se a tocar uma cassete.
Estupidez é repetição, é repetir os outros. É fácil, é fácil porque o leitor não precisa de aprender.
Aprender custa.
É preciso ter coragem para aprender.
Aprender significa que se tem de ser humilde.
Aprender significa estar preparado para pôr de lado o velho, estar constantemente preparado para aceitar o novo.
Aprender significa estar num estado desprovido de ego.
E depois nunca se sabe onde nos leva a aprendizagem. Não se pode fazer previsões sobre quem aprende; a sua vida será sempre imprevisível. Ele próprio não pode prever o que lhe irá acontecer amanhã, onde estará amanhã. Move-se num estado de não conhecimento. Só quando o leitor vive num estado de não conhecimento, num estado permanente de não conhecimento, é que o leitor aprende.
É por isso que as crianças aprendem tão bem. À medida que vão crescendo, deixam de aprender, porque o conhecimento vai-se juntando e é fácil repeti-lo. Para quê cansar-se? É fácil e simples seguir o padrão, andar em círculo. Mas, então, o enfado instala-se. Estupidez e enfado andam de braço dado.
A pessoa inteligente é tão fresca como as gotas de orvalho ao Sol da manhã, tão fresca como as estrelas na noite. Pode sentir-se a sua frescura, tão nova, como uma brisa.
Inteligência é a capacidade de se renascer vezes sem conta.
Morrer para o passado é inteligência, e viver no presente é inteligência.”
Bibliografia
OSHO. (2013). Intuição. Conhecer para além da lógica. Bertrand Editora. Lisboa. pp. 162-167.