“Tudo o que o Homem consegue ou deixa de conseguir é o resultado directo dos seus pensamentos.”
James Allen
“Você pode não ter dinheiro, mas se for rico em bom senso, será um pai ou uma mãe brilhante. Se você contagiar os seus filhos com os seus sonhos e entusiasmo, a vida será enaltecida. Se for um especialista em queixar-se, se mostrar medo da vida, temor pelo amanhã, preocupações excessivas com doenças, paralisará a inteligência e a emoção deles.
Sabe quanto tempo demora um conflito psíquico, sem tratamento e sem fundo genético, a ter remissão espontânea? Às vezes, três gerações. Por exemplo, se um pai tem uma obsessão por doenças, um dos filhos poderá registar essa obsessão continuamente e reproduzi-la. O neto poderá tê-la com menor intensidade. Somente o bisneto poderá ficar livre dela. Quem estuda os papéis da memória conhece a gravidade do processo de transmissão das mazelas psíquicas.
Mostre força e segurança aos seus filhos. Diga-lhes frequentemente:
“A verdadeira liberdade está dentrode ti”,
“Não sejas frágil diante das tuas preocupações”,
“Opta por seres livre! Cada sentimento negativo deve ser combatido, para não ser registado”.
O verdadeiro optimismo é construído pelo confronto dos problemas e não pela sua negação. Por isso, as palestras de motivação raramente resultam. Elas não dão ferramentas para gerar um optimismo sólido, que nutre o “eu” como líder do teatro da inteligência.
(…).
De acordo com pesquisas em universidades americanas, uma pessoa optimista tem menos 30% de hipóteses de ter doenças cardíacas. Os optimistas têm menos hipóteses ainda de ter doenças emocionais e psicossomáticas.
O pessimismo é o cancro da alma. Muitos pais são vendedores de pessimismo. Já não basta o lixo social que os media depositam no palco da mente dos jovens, muitos pais transmitem-lhes um futuro sombrio. Tudo é difícil e perigoso para eles. Preparam os filhos para temer a vida, fechar-se num casulo, viver sem poesia.
Alimente os seus filhos com um optimismo sólido!
Não devemos formar super-homens, como preconizava Nietzsche. Os pais brilhantes não formam heróis, mas seres humanos que conhecem os seus limites e a sua força.”
Bibliografia:
CURY, Augusto. (2012). Pais Brilhantes, Professores Fascinantes. Pergaminho. 3ª edição. pp. 31-32
Um dia destes participei no 3º Encontro de Psicologia em Contexto Educativo que teve lugar na Escola Superior de Saúde – Instituto Politécnico de Leiria, de onde saí com umas luzes do que são as novas terapias em psicologia. A intervenção de Carlos Carona (ver aqui), foi simplesmente FENOMENAL. É caso para se dizer que há pessoas que nascem para brilhar. Mas pela parte que me toca não nasci para brilhar e, por isso, os meus apontamentos ficaram muito confusos. Como escrevi muito rápido para “apanhar” o mais que pudesse agora não consigo ler. Exceptuando algumas poucas frases cujas letras parecem hieróglifos, mas ainda assim legíveis, todas as outras são como carreiros de formigas. Não percebo patavina! Contudo, motivada com o entusiasmo do orador Carlos Carona acerca do Mindfulness como uma das Terapias Cognitivo Comportamentais de 3ª Geração decidi nesse dia comprar um livro sobre o tema. E é uma parte desse livro que me interessa verdadeiramente partilhar convosco. Vamos a isso:
Terapias Cognitivo Comportamentais de 3ª Geração ⇒ Foco na mudança na relação da pessoa com os estímulos internos. O Mindfulness é um componente nuclear das TCC de 3ª Geração.
Mindfulness ⇒centrado no momento presente.
“Eu sou mais do que os meus pensamentos”
→ Facilitar a aceitação radical dos sentimentos negativos.
“Emoções: travar amizade com sentimentos”
“As emoções por que passamos como seres humanos a viver numa sociedade obcecada com o «sentir-se bem» adquiriram um tal carácter de patologia que podemos tomar Valium só porque sentimos uma ligeira ansiedade. Isto não corresponde a solução nenhuma; na verdade, estou convencido de que intensifica o ciclo, porque as pessoas se tornam hipersensíveis aos seus sentimentos, aprendendo a repeti-los através de medicação. Esta abordagem baseada em sintomas não resolve o problema de raiz, que reside na relação que se tem com os seus pensamentos e sentimentos.
Com a continuação da vida, o hábito de fugir das emoções de que não gostamos e perseguir as que nos agradam é reforçado na maioria de nós pela prática e pela observação dos que nos rodeiam. Continuamos a ignorar que essas emoções são desencadeadas por se dar ouvidos ao comentário importuno e constante que as nossas mentes debitam. Podemos até não ter consciência do motivo por que sentimos necessidade de nos entregarmos a determinado comportamento. Comportamento compulsivo, ou vício, é algo que nos sentimos incapazes de parar de fazer, mesmo quando sabemos que os seus custos ultrapassam os benefícios. O que é então que faz as pessoas regressarem ao bar, ao casino, ao traficante de drogas ou ao frigorífico?
Pensamentos dolorosos impelem-nos a fazer todas essas coisas e, ao compreender o modo como os nossos pensamentos e sentimentos interagem, podemos começar a discernir entre esses padrões condicionados. Para melhor explicar este processo, examinemos uma versão passo a passo dos factos.
Ao olhar para este processo desta maneira, conseguimos vê-lo na sua natureza circular. Pode parecer iniciar-se com um sentimento, mas por detrás desse sentimento encontramos pensamentos a afirmar coisas negativas acerca de nós ou da situação em que estamos. Neste tipo de cenário, o sentimento pode ser muitas vezes uma sensação de fastio, que corresponde na verdade a uma expressão da aversão da mente pelo momento presente. Os pensamentos que o levam a comer o bolo serão normalmente muito mais subtis e persuasivos do que o exemplo acima, com a mente a dizer coisas como: «Vá lá, só um bocadinho de bolo não há-de fazer mal. Um bocadinho de vez em quando pode ser. De resto, portaste-te muito bem esta semana, mereces uma pequena recompensa.» Normalmente, tudo o que a mente diz faz sentido e seduz a parte de nós que deseja o bolo, mas logo que o tivermos comido a mente torna-se maldosa.
Neste ponto, é habitual que os pensamentos gerados pela mente e os sentimentos desencadeados pela crença nesses pensamentos se intensifiquem. Se acreditar nestes pensamentos, as emoções dolorosas tornam-se ainda mais fortes do que antes. A mente poderá então insinuar: «Bem podes desistir de perder peso. É inútil. Nunca conseguirás. Portanto, podes comer mais uma fatia de bolo.» Se não tivermos consciência plena, este caminho pode levar a que se coma o bolo todo numa só noite, voltando ao frigorífico uma e outra vez mas sentindo depois ódio por nós mesmos no dia seguinte – o que equivale a acreditar em pensamentos abominantes gerados pela mente.
Tenha presente que este exemplo apenas demonstra o processo, embora o conteúdo dos pensamentos de cada pessoa possa diferir. A sua mente poderá não estar interessada em comezainas. Em lugar disso, poderá dizer-lhe para abrir uma garrafa de vinho, ou pode admoestá-lo por meter baixa no trabalho, não obstante não estar acamado. O conteúdo não é tão importante como compreender a natureza grotesca do processo.
Imagine se o seu patrão lhe dissesse para fazer qualquer coisa e depois lhe berrasse por cumprir as ordens dele. Começaria rapidamente a procurar um novo emprego e, provavelmente, passaria a não levar à letra o seu patrão, pensando que ele talvez houvesse enlouquecido. Todavia, as nossas mentes repetem constantemente este comportamento e continuamos a virar-nos para elas em busca de aconselhamento.
Porquê?
O problema é que a maior parte de nós pensa que a voz que nos soa dentro da cabeça é realmente nossa, razão por que dizemos «Penso que…» ou «Quero…». Identificamo-nos com cada pensamento, acreditando que fomos nós que o «pensámos», mas se observar atentamente, verá que os pensamentos vêm e vão sem conexão necessária. Estão totalmente para lá do nosso controlo. Assiste-se claramente a isto quando nos está a acontecer algo de «mau» e tentamos não pensar nisso. Apesar dos nossos esforços, a mente repisa os acontecimentos, reproduzindo o passado e predizendo o futuro. Se tivéssemos controlo sobre os nossos pensamentos, limitar-nos-íamos a desligá-los nesses momentos, mas tal não é de todo possível. Não podemos controlar pensamentos, mas podemos aprender a não acreditar neles ou a ser perturbados por eles.
O corolário disto tudo é que se não acreditarmos na narrativa da mente, não se manifestarão as emoções negativas. Em qualquer momento em que sintamos medo, stress, ansiedade ou qualquer outra emoção penosa estamos a acreditar num pensamento, ainda que estejamos cientes disso. O importante é que esses sentimentos não podem magoar-nos verdadeiramente, não obstante parecerem assustadores na altura. De facto, as emoções podem ajudar-nos a seguir o caminho para a paz e a felicidade ao mostrarem os pensamentos em que ainda acreditamos e ao proporcionarem a oportunidade de os aceitarmos inteiramente como parte da nossa experiência do momento presente. Se não se quiser aceitá-los não faz mal, mas eles continuarão a existir e, infelizmente, as coisas que por vezes fazemos para fugir às nossas emoções conduzem habitualmente a experiências ainda mais negativas.
Demonstrou-se que o comportamento evasivo incrementa, a longo prazo, a intensidade dos sentimentos dolorosos, além de reduzir a nossa capacidade para lidar com esses sentimentos quando despontam.
O que poderemos então fazer em alternativa?
A questão será abordada em profundidade num capítulo posterior, mas permita-me afirmar por agora que combater uma emoção confere energia a essa emoção, a luta para se libertar de uma emoção torna-se mais forte, tal como uma pessoa encolerizada se torna mais estrondosa e mais incontrolável se lhe gritarmos que se acalme. As emoções não conseguem sustentar-se sem esta luta, sem que nós as alimentemos ao insistirmos em acontecimentos que lhe estão associados e ao escutar as histórias de infortúnio da mente. Se formos capazes de parar e prestar atenção a uma emoção, sem a combater ou a alimentar ao extraviarmos pelos pensamentos acerca do que «aconteceu» para a provocar, essa emoção acabará por aparentar desaparecer. Constitui uma lei do universo que a energia nunca se pode dissipar completamente, apenas pode mudar de forma, pelo que a energia emocional negativa deve mudar e tornar-se numa outra coisa. Não sei no que se transforma, e na verdade não importa, mas sei que a única maneira de se ficar livre de emoções dolorosas é aprender a permanecer sentado e observá-las – ficar tranquilo com elas. Até sermos capazes de o fazer, as nossas vidas são comandadas por emoções e nós somos atirados de um lado para o outro enquanto procuramos sentimentos positivos e tentamos evitar aqueles de que não gostamos. Tornar-se uma pessoa completa implica travar amizade com esses sentimentos, que veremos não serem assim tão assustadores, não serem demónios perversos, mas apenas criancinhas atemorizadas.
O paradoxo do controlo
A maioria de nós quer controlar as emoções de forma a tornar a vida mais agradável, mas a verdade é que isso não pode ser feito. Chamo a isto o «paradoxo do controlo», querendo basicamente significar que, quando tentamos controlar as nossas emoções, elas tornam-se mais poderosas, mas se não tentarmos controlá-las e antes a sentirmos, passam a ser menos poderosas. O paradoxo, portanto, é que quando tentamos dominar uma emoção através da tentativa de alterá-la ou de lhe escapar, é a emoção que nos domina. Bebemos para não nos sentirmos solitários, gritamos com alguém para tentarmos fugir ao nosso medo e ira, ou comemos para nos libertarmos dos nossos sentimentos de inutilidade. Não queremos realmente fazer nenhuma destas coisas, mas o desejo de escapar a estas emoções impele-nos a fazê-las, daí que eu diga que as nossas emoções nos controlam. A alternativa consiste em observar estas emoções, tomar consciência plena delas sem nelas se perder. Com isto voltamos a tomar o comando do nosso comportamento, porque sem o medo dessas emoções não há necessidade de fazer algo para nos livrarmos delas e podemos fazer aquilo que verdadeiramente desejamos. Apesar da nossa ansiedade, ainda podemos ir àquela nova aula,conversar com aquela pessoa na festa ou tentar obter o emprego que realmente queremos. Sem o temor enraizado pelas nossas emoções, a vida torna-se livre e fácil, com infinitas possibilidades a abrirem-se.
Imagine que chega ao trabalho e o seu patrão grita consigo por ter perdido um contrato importante. A sua mente começa a contar-lhe histórias como: «Isto está sempre a acontecer-te porque tu és um inútil, um caso perdido, e nunca ninguém poderia gostar de ti.» Sente-se embaraçado e inútil, e insinua-se em si um forte sentimento de rejeição e abandono que andava a reprimir desde a infância. A sua mente diz então: «Vai ser despedido, é melhor demitir-se»; e sai a correr do escritório, aparentemente em fuga da situação, mas na realidade a fugir às suas emoções – que, infelizmente, o perseguem até casa. O que acontece então em seguida? Não sei, mas este exemplo mostra como a vida se torna dolorosa e confusa quando acreditamos nos nossos pensamentos e temos receio das nossas emoções.”
Bibliografia
DOYLE Oli. (2015). Mindfulness Guia Prático para a Paz Interior. Planeta. Lisboa. pp. 57-62.