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“As acções dos seres humanos são as melhores intérpretes de seus pensamentos”
John Locke
Existem processos sociais relativamente à influência social que modificam, ou possibilitam a modificação, das atitudes de cada indivíduo. As ideias, atitudes e acções dos outros interferem nas nossas acções, pensamentos e sentimentos.
O conformismo é um desses processos de influência social, que pressupõe sempre uma norma gerada em grupo. Diz respeito ao indivíduo ou grupo aceitar submeter-se à norma do outro indivíduo ou grupo. Por outras palavras, o conformismo define o comportamento de um indivíduo ou de um subgrupo que é determinado pela regra de um grupo.
O conformismo do indivíduo será tanto maior quanto maior for a dependência do mesmo indivíduo em relação ao grupo. Assim, se o grupo é apresentado como particularmente atraente, o indivíduo deseja integrar-se nele. Tenderá a querer uniformizar-se ao grupo. No entanto, é preciso notar que, quando o sujeito está de novo sozinho, de alguma forma ele sofre um retorno à origem. A pensar e a agir de acordo com o que ELE considera certo. Por isso, é costume dizermos que determinadas pessoas têm comportamentos diferentes consoante estejam em grupo ou sozinhas.
A pressão à conformidade supõe a existência de uma maioria e de uma minoria. A maioria é ligada a essa regra e toda a interacção social visará a imposição de seus pontos de vista à minoria. Através de um sistema de sanções ou de valorizações, os indivíduos minoritários são levados a aceitar as regras da maioria.
Na verdade, não é fácil ficar sozinho, se num grupo a maior parte dos elementos defender um determinado ponto de vista, até aquele que pensa diferente é levado a concordar só para não sofrer o peso da oposição do grupo. Estas situações ocorrem frequentemente, seja numa sala de aula, no emprego, etc.
Aliás, ocorre, por exemplo, durante os processos das praxes académicas. Afinal, porque nos costumamos espantar que os estudantes não sejam capazes de dizer NÃO, ficando se for caso disso sozinhos, rejeitados, quando lhes é imposta uma prática humilhante durante a praxe??
Vamos aos factos, que é como quem diz à Experiência de Asch, que teve como objectivo estudar as condições sociais e pessoais que levam os indivíduos a resistir ou a conformar-se às pressões do grupo, quando esse grupo tem um ponto de vista contrário à evidência perceptiva.
Experiência de Asch

Qual das linhas da direita é igual à da esquerda?
Como reagiríamos se todos os elementos do grupo dessem um resposta obviamente errada?
– As respostas do grupo interfeririam na nossa avaliação;
– Tentaríamos o equilíbrio;
– Atribuiríamos a causa da divergência a nós próprios;
– Tentaríamos encontrar uma solução.
Na Experiência de Asch foram colocados 8 indivíduos diante de um quadro com várias cartolinas. Cada cartolina continha do lado esquerdo um linha vertical (figura de base) e à direita três linhas verticais de comprimentos diferentes, numeradas de 1 a 3 (ou com as letras ABC), uma das quais representava a linha de base.
No grupo experimental, apenas um dos indivíduos é o verdadeiro sujeito experimental, e por isso é o sujeito ingénuo, não sabe que os outros 7 estão combinados entre si e são comparsas do experimentador. Cada um dos indivíduos dá a avaliação em voz alta, sendo que os comparsas dão doze respostas erradas em dezoito ensaios experimentais. Estes respondem antes do sujeito ingénuo. Deste modo, o sujeito ingénuo encontra-se numa posição minoritária e, apesar de não existir qualquer tipo de pressão explícita por parte do grupo, este chega a cometer erros que atingem os 5 cm.
Com esta experiência, Asch define três tipos de indivíduos:
Pouco convictos das suas respostas, pouco confiantes, hesitam na resposta, põe em causa as suas capacidades – quase no conformismo.
- Verdadeiros independentes:
Respostas convictas, confiantes, não hesitam. Mostram-se inabaláveis nas suas convicções.
Elevado número de erros e seguiram a resposta da maioria.
– A nível perceptivo: não reconheciam nada de estranho – Pouco frequente.
– A nível do julgamento: reconheciam dar respostas contrárias ao que observavam, mas se todos respondiam de outra forma, o próprio devia estar errado, não queriam interferir com a experiência – Mais frequente.
– A nível do comportamento: Sabiam estar certos e a maioria errada mas não queriam sobressair.
Asch obteve que apenas 30% dos sujeitos experimentais não se conformaram à pressão implícita pelo grupo, ou seja, um terço dos sujeitos mantiveram-se independentes o que leva a colocar a questão de quais são os factores que explicam o conformismo.
Conclusão:
Quando estamos em desacordo com as opiniões das pessoas que nos rodeiam ficamos numa posição difícil. Podemos manter a nossa resposta, ou simplesmente abdicar dela em prol do grupo. Os estudos de Asch evidenciam o poder dos outros em influenciar-nos. As pessoas submetem-se sem crítica e ausência de dor à manipulação externa por sugestão.
A independência e a capacidade de estar acima da pressão grupal também estão alcance dos seres humanos.

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As pessoas menos conformistas costumam ser as de elevado estatuto, ou então muito baixo, os primeiros porque estão num patamar em que certas perdas não são significativas, os segundos porque não têm nada a perder. Porque para aqueles que se conformam parece haver interesse em possíveis ganhos. (Não há almoços grátis).
Assim, estar no outro lado da barricada, mal inserido e desconfortável num grupo, poderá querer dizer que se é um indivíduo independente, coerente, sensato, honesto para consigo e para com os outros.
Mas o que leva ao Conformismo?
– Condescendência – cedências à pressão para conseguir vantagens (espírito interesseiro) e evitar a separação do grupo.
– Identificação – quer manter ou criar uma relação com o grupo desejado, assume as características do grupo.
– Interiorização – decide ser persuadido, aceita a opinião do grupo, esquecendo-se das suas crenças.
“Toda a unanimidade é burra!”
Nelson Rodrigues