Os ventos da mudança

Publicado por: Milu  :  Categoria: Os ventos da mudança, PARA PENSAR

 

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“Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinho. Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas!”

Machado de Assis

“Pode parecer irónico sugerir que todos faríamos bem em envelhecer como uma mulher. Afinal, a cultura popular diz que o envelhecimento é o absoluto arqui-inimigo da mulher. Elas gastam rios de dinheiro para ultrapassarem o processo de envelhecimento físico através do botox, da lipoaspiração, cremes para a cara, tintas para o cabelo e SPA. Freud e outros psicólogos do início do século vinte sustentavam que uma vez que a mulher já não fosse fértil, ficava deprimida, reconhecendo que a sua utilidade na vida tinha chegado ao fim. Quando os seus filhos cresciam e saíam de casa, dizia-se que ela sofria da «síndrome do ninho vazio». Em tempos até havia um diagnóstico psiquiátrico especial para o tipo de depressão que as mulheres aparentemente sentiam depois da menopausa:melancolia.

Felizmente, nada disto é verdade – pelo menos para a maioria das mulheres. Sim, muitas tentam retardar o processo de envelhecimento através de dispendiosos cremes e tratamentos com alfa hidróxidos, mas em média, as imagens corporais das mulheres tornam-se na verdade mais positivas quando elas transitam da casa dos vinte para a dos trinta e desta para a meia idade. Como disse recentemente a minha amiga Lori: «Finalmente deixei de me comparar com as modelos da moda e apercebi-me de que tinha um corpo bastante bom para cinquenta anos!»

No conjunto, a saúde mental e a satisfação com a vida sentida pelas mulheres também melhora com a idade. As taxas de depressão, ansiedade e suicídio descem, não sobem, enquanto elas envelhecem. A satisfação geral com a vida, sentida pelas mulheres, aumenta com a idade, e a satisfação conjugal aumenta consideravelmente quando os filhos saem de casa. As mulheres sentem-se menos sós ao envelhecerem e sentem-se mais afirmadas e apreciadas nos seus casamentos.

No nosso estudo de mais de 1300 mulheres e homens da área da baía de São Francisco, vimos muitos sinais de que a vida melhora com a idade. Em particular, os níveis de sintomas de depressão e ansiedade e os sentimentos de solidão eram inferiores entre as mulheres de meia-idade (dos quarenta e cinco anos aos cinquenta e cinco anos), comparados com os das jovens adultas (dos vinte e cinco aos trinta e cinco anos) (…).

As vidas das mulheres melhoram em vez de piorarem quando elas ficam mais velhas, devido às suas tremendas forças psicológicas. Elas usam as suas forças mentais para enfrentarem os novos problemas que surgem quando ficam mais velhas, tais como o sistema público de saúde ou viver com um menor rendimento depois de reformadas. Elas recorrem às suas forças de identidade para gerir as muitas mudanças que vêm com a idade nos seus papéis e capacidades, estilos de vida e planeamentos diários. Devido às suas forças relacionais, entram na idade mais avançada com uma forte rede de relacionamentos, com pessoas em quem confiam e que querem reciprocar a sua empatia, paciência, escuta e cuidados. As mulheres aplicam as suas forças emocionais para lidarem com a perturbação, o que as capacita a superarem as crises e perdas que acontecem com mais frequência ao envelhecer.

O complemento de forças total das mulheres dá-lhes a predisposição para celebrarem a idade como uma força de alegria, amor e realização por tudo o que trabalharam e se tornaram ao longo das suas vidas.

As suas forças ajudam-nas não só a estarem bem com a idade, como também a terem vidas mais longas e felizes. A psicóloga Carol Ryff da Universidade do Wisconsin descobriu que as mulheres mais velhas que desenvolveram muitas forças pessoais têm um funcionamento melhor do sistema imunitário, mais colesterol bom e melhor regulação dos sistemas neuroendócrinos, os quais desempenham um papel crucial na saúde física.

Conforme as mulheres foram tendo mais oportunidades para estudar e trabalhar fora de casa, a sua sensação de mestria e a sua capacidade de serem assertivas aumentaram notoriamente. Como resultado,  as mulheres estão a viver vidas vibrantes e produtivas até idades já bem avançadas.”

Bibliografia

NOLEN-HOEKSEMA, Susan. (2010). A Vantagem de Ser Mulher. Estrela Polar. Alfragide. pp. 327-329.

Seja Inteligente!

Publicado por: Milu  :  Categoria: PARA PENSAR, Seja Inteligente!

Man wearing brain hat

“O poder de um ser humano não está na sua musculatura mas na sua inteligência. Os fracos usam a força, os fortes usam a sabedoria…”

Augusto Cury

“A inteligência morre ao imitar os outros. Se o leitor quiser continuar a ser inteligente, terá de se deixar de imitações. A inteligência suicida-se ao copiar, ao tornar-se uma cópia a papel químico. No momento em que o leitor começar a pensar na forma de vir a ser como uma outra pessoa, estará a abandonar a sua inteligência, estará a tornar-se estúpido. No momento em que o leitor se comparar a uma outra pessoa qualquer, estará a perder o seu potencial natural. Então nunca será feliz e nunca será puro, límpido, transparente. Perderá a sua claridade, perderá a sua visão. Terá olhos de empréstimo; e como poderá o leitor ver através dos olhos de uma outra pessoa? O leitor precisa dos seus próprios olhos, precisa das suas próprias pernas para caminhar, do seu próprio coração a bater.

As pessoas estão a viver uma vida de empréstimo, daí que a sua vida esteja paralisada. Essa paralisia fá-las parecer estúpidas.
É preciso um tipo de educação totalmente diferente. A pessoa que nasce para ser poeta prova ser estúpida a Matemática, e a pessoa que poderia ser um grande matemático está simplesmente a empinar História e a sentir-se perdida.

Está tudo de pernas para o ar porque a educação não está de acordo com a natureza de cada um.

Não tem qualquer respeito pelo indivíduo, obriga toda a gente a determinado padrão.

Provavelmente por acaso, o padrão serve para algumas pessoas, mas a maioria perde-se e a maioria vive na infelicidade.

A maior infelicidade na vida é a pessoa sentir-se estúpida, sem valor, sem inteligência – e ninguém nasce sem inteligência, ninguém pode nascer sem inteligência, porque todos nós temos origem na existência. A existência é pura inteligência. Quando vimos a este mundo, trazemos connosco um sabor, um aroma do Além.

Mas a sociedade salta imediatamente em cima de si, começa a manipular, a ensinar, a mudar, a cortar, a adicionar, e, em breve, o leitor perde todo o feitio, toda a forma.”

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“A sociedade quer que o leitor seja obediente, conformista, ortodoxo. É desse modo que a sua inteligência é destruída.

O que lhe foi imposto é uma prisão dentro da qual o leitor vive – pode deixá-la. Será difícil deixá-la porque está muito habituado a ela. Será difícil deixá-la porque não é como se fosse uma peça de roupa; tornou-se praticamente a sua pele, há tanto tempo que vive nela. Será difícil deixá-la porque dentro dela está toda a sua identidade – mas tem de a deixar se quiser realmente reclamar o seu ser real.

Se quiser realmente ser inteligente, terá de ser um rebelde.

Só um rebelde é inteligente.

Que entendo eu por rebelde?

Ser rebelde é pôr de lado tudo o que lhe foi imposto contra a sua vontade.

Volte a procurar ser quem é, recomece do princípio. Pense que, até ao presente, o seu tempo tem sido um desperdício, porque o leitor tem seguido o que lhe foi imposto.
Ninguém se parece com ninguém, cada pessoa é única – é essa a natureza da inteligência – e cada pessoa é incomparável. Não se compare a ninguém. Como pode comparar-se? O leitor é o leitor, e o outro é o outro. Não são iguais, por isso não é possível uma comparação.

No entanto, todos nós fomos ensinados a fazer comparações e passamos a vida a comparar.

Directamente, indirectamente, conscientemente, inconscientemente, comparamos. E se o leitor comparar, nunca se respeitará a si próprio: há quem seja mais belo, há quem seja mais alto, há quem seja mais saudável e há quem seja qualquer outra coisa; há alguém que possui uma voz musical… E o leitor sentir-se-á cada vez mais oprimido se continuar a comparar-se. Andam por aí milhões de pessoas; o leitor ficaria esmagado com tanta comparação.

E o leitor tinha uma alma muito bela, um ser muito belo que queria desabrochar, que queria tornar-se uma flor dourada, mas o leitor nunca deixou.

Liberte-se. Ponha tudo de lado.

Readquira, reclame a sua inocência, a sua infância. Jesus tem razão quando diz: «Se não renascerdes de novo, não entrareis no Reino de Deus.» E eu digo-lhe o mesmo a si: se não renascer de novo…

Ponha de lado todo o lixo que foi acumulado sobre si. Seja fresco, comece do princípio, e ficará surpreendido com toda a inteligência que se liberta de imediato.

Inteligência é a capacidade de ver, de compreender, de viver a sua própria vida de acordo com a sua própria natureza. Inteligência é isso.

E o que é a estupidez?

É seguir os outros, imitar os outros, obedecer aos outros. Olhar através dos olhos dos outros, tentar absorver o conhecimento dos outros como conhecimento seu – estupidez é isso.

É por isso que os pânditas são quase sempre pessoas estúpidas. São papagaios, repetem. São gravações. Podem ser peritos a repetir, mas deixe que surja alguma coisa nova, alguma coisa que não esteja escrita nos seus livros, e eles ficam sem saber o que fazer. Não têm nenhuma inteligência.

Inteligência é a capacidade de responder, momento a momento, à vida tal como ela acontece e não segundo um programa.

Só as pessoas não inteligentes é que têm um programa. Têm medo; sabem que não têm inteligência suficiente para se encontrarem com a vida tal como ela é. Têm de estar preparados, têm de ensaiar. Preparam uma resposta antes de a pergunta ter sido feita – e é assim que provam ser estúpidas, porque uma pergunta nunca se repete. A pergunta é sempre nova.

Cada dia traz os seus problemas, os seus próprios desafios, e cada momento traz as suas próprias perguntas.

E se o leitor tiver respostas prontas na sua cabeça não será capaz sequer de ouvir a pergunta. Estará tão cheio da sua resposta, que será incapaz de ouvir. Não estará disponível. E faça o que fizer, fá-lo-á de acordo com a resposta que tem pronta – o que é irrelevante, o que não tem qualquer relação com a realidade tal como ela é.

Inteligência é relacionar-se com a realidade, de improviso. E a beleza de encarar a vida de improviso é tremenda. A vida apresenta então frescura, juventude; a vida tem então fluidez e vivacidade. A vida apresenta então muitas surpresas. E quando a vida apresenta todas essas surpresas, o enfado nunca se instala dentro de si.

A pessoa estúpida está sempre aborrecida. Está aborrecida por causa das respostas que adquiriu dos outros e que está sempre a repetir. E está aborrecida porque os seus olhos estão tão cheios de conhecimento que não consegue ver o que está a acontecer. Sabe demais sem saber nada. Não é sábio, é apenas bem informado. Quando olha para uma rosa, não olha para essa rosa. Todas as rosas sobre as quais leu, todas as rosas de que os poetas falaram, todas as rosas que os pintores pintaram e os filósofos discutiram e todas as rosas de que ouviu falar estão diante dos seus olhos – numa grande fila de recordações, de informações. A rosa que tem diante de si perde-se nessa fieira de memórias, nessa multidão. Ele não a consegue ver. Só sabe repetir; diz: «Esta rosa é bela.» Essas palavras também não são da pessoa, não são autênticas, não são sinceras, não são verdadeiras. A voz é de uma outra pessoa… Limita-se a tocar uma cassete.

Estupidez é repetição, é repetir os outros. É fácil, é fácil porque o leitor não precisa de aprender.

Aprender custa.

É preciso ter coragem para aprender.

Aprender significa que se tem de ser humilde.

Aprender significa estar preparado para pôr de lado o velho, estar constantemente preparado para aceitar o novo.

Aprender significa estar num estado desprovido de ego.
E depois nunca se sabe onde nos leva a aprendizagem. Não se pode fazer previsões sobre quem aprende; a sua vida será sempre imprevisível. Ele próprio não pode prever o que lhe irá acontecer amanhã, onde estará amanhã. Move-se num estado de não conhecimento. Só quando o leitor vive num estado de não conhecimento, num estado permanente de não conhecimento, é que o leitor aprende.

É por isso que as crianças aprendem tão bem. À medida que vão crescendo, deixam de aprender, porque o conhecimento vai-se juntando e é fácil repeti-lo. Para quê cansar-se? É fácil e simples seguir o padrão, andar em círculo. Mas, então, o enfado instala-se. Estupidez e enfado andam de braço dado.

A pessoa inteligente é tão fresca como as gotas de orvalho ao Sol da manhã, tão fresca como as estrelas na noite. Pode sentir-se a sua frescura, tão nova, como uma brisa.

Inteligência é a capacidade de se renascer vezes sem conta.

Morrer para o passado é inteligência, e viver no presente é inteligência.”

Bibliografia

OSHO. (2013). Intuição. Conhecer para além da lógica. Bertrand Editora. Lisboa. pp. 162-167.

Momentos de História

Publicado por: Milu  :  Categoria: Momentos de História, SOCIEDADE

 

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 “Se uma nação espera ser ao mesmo tempo ignorante e livre num estado de civilização, está à espera do que nunca aconteceu e do que nunca acontecerá.

Uma sociedade que troque um pouco de liberdade por um pouco de ordem perderá ambas, e não merece nenhuma.”

Thomas Jefferson

“As ideias novas, a invenção e a criatividade em geral conduzem sempre a uma espécie de liberdade – a uma libertação de constrangimentos limitadores. A liberdade é um pré-requisito para o prosseguimento da experiência delicada da ciência – que foi uma das razões pelas quais a União Soviética não pôde manter-se um estado totalitário e ser tecnologicamente competitiva. Ao mesmo tempo, a ciência  – ou, melhor,  a sua mistura frágil de abertura e cepticismo e o seu estímulo da diversidade e do debate – constitui um pré-requisito para o prosseguimento da delicada experiência da liberdade numa sociedade industrial e altamente tecnológica.

Uma vez que se pôs em causa a insistência religiosa na ideia dominante de que a Terra se encontrava no centro do universo, porque se haveriam de aceitar as afirmações repetidas e peremptórias, por parte dos dirigentes religiosos, de que Deus tinha enviado reis para nos governar? No século XVII era fácil enfurecer os júris ingleses e coloniais com este sacrilégio ou aquela heresia. Estavam dispostos a torturar pessoas até à morte por aquilo em que acreditavam. Nos finais do século XVIII já não estavam tão certos.

Rossiter, mais uma vez, refere o seguinte (extraído de Seedtime of the Republic [Sementeira da República], 1953):

Sob a pressão do ambiente americano, a cristandade tornou-se mais humanista e moderada – mais tolerante com a luta das seitas, mais liberal com o crescimento do optimismo e do racionalismo, mais experimental com a ascensão da ciência, mais individualista com o advento da democracia. Igualmente importante era o facto de um número cada vez maior de colonos, como lamentava ruidosamente uma legião de pregadores, se estar a tornar secular na curiosidade e céptica na atitude.

A Declaração de Direitos separou a religião do estado, em parte por haver tantas religiões mergulhadas num quadro mental absolutista – cada uma delas convencida de que tinha o monopólio da verdade e, por conseguinte, ansiosa de que o estado impusesse esta verdade a outros. Frequentemente,  os dirigentes e os praticantes das religiões absolutistas eram incapazes de apreender qualquer meio termo ou reconhecer que a verdade pode abarcar doutrinas aparentemente contraditórias.

Aqueles que elaboraram a Declaração de Direitos tinham perante si o exemplo da Inglaterra, onde o crime eclesiástico da heresia e o crime secular da traição se tinham tornado quase impossíveis de distinguir. Muitos dos primeiros colonos tinham vindo para a América para escapar a perseguições religiosas, embora alguns deles não se tenham coibido de perseguir outras pessoas devido ás suas crenças. Os fundadores da nossa nação aperceberam-se de que uma relação estreita entre o governo e qualquer das religiões em litígio seria fatal para a liberdade – e ofensiva para a religião. O juiz Black (na sentença do Supremo Tribunal no caso Engel versus Vitale, 1962) descreveu da seguinte maneira a Cláusula da Oficialização das Igrejas da Primeira Emenda:

O seu objetivo principal e mais imediato baseou-se na convicção de que uma união entre o governo e a religião tende a destruir o governo e a degradar a religião.

Além disso, também aqui a separação de poderes funciona. Cada seita e cada culto, como em tempos observou Walter Savage Landor, é uma confrontação moral com os outros: «A competição é tão global na religião quanto no comércio.» Mas o preço é elevado. Esta competição impede as instituições religiosas de trabalharem em conjunto pela promoção do bem comum.

Rossiter conclui:

As doutrinas gémeas da separação da Igreja e do estado e da liberdade de consciência individual constituem o âmago da nossa democracia, se não mesmo a contribuição mais significativa da América para a libertação do homem ocidental.

Mas de nada serve ter estes direitos se eles não forem usados – a liberdade de expressão quando ninguém contradiz o governo, a liberdade de imprensa quando ninguém se dispõe a fazer as perguntas incómodas, o direito de reunião quando não há protestos, o sufrágio universal quando vota menos de metade do eleitorado, a separação da Igreja e do estado quando a muralha de separação não é regularmente reparada. À força de não serem usados, arriscam-se a ser transformados em meros objectos piedosos, em manifestações patrióticas de boas intenções. Direitos e liberdades: usem-nos ou percam-nos.

Devido à visão dos que elaboraram a Declaração de Direitos – e, sobretudo, a todos aqueles que, com riscos pessoais consideráveis, insistiram no exercício desses direitos -, é agora difícil sufocar a liberdade de expressão. De tempos a tempos, as comissões das bibliotecas escolares, o serviço de imigração, a polícia ou FBI – ou o político ambicioso que pretende angariar votos – podem tentá-lo, mas, mais tarde ou mais cedo, a rolha salta. Afinal, a Constituição é a lei da nação, os funcionários públicos juram cumpri-la e, episodicamente, os activistas e os tribunais invocam-na. 

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Contudo, a degradação dos padrões educacionais, o declínio da competência intelectual, a diminuição do gosto pelo debate substantivo e as sanções sociais contra o cepticismo podem dar origem a uma lenta corrosão das nossas liberdades e à subversão dos nossos direitos. Os Fundadores compreenderam isto muito bem:

«O momento de fixar todos os direitos essenciais numa base legal é o momento em que os nossos governantes são honestos e em que nos encontramos unidos», disse Thomas Jeferson.

A partir do fim desta guerra [revolucionária] começará a decadência. Assim, não será necessário recorrer constantemente ao povo em busca de apoio. O povo será esquecido e, por conseguinte, os seus direitos serão menosprezados. As pessoas esquecer-se-ão de si próprias, excepto no que respeita à faculdade de fazer dinheiro, e nunca pensarão em unir-se para garantir o respeito pelos seus direitos. Deste modo, as algemas que não forem quebradas no final desta guerra permanecerão em nós durante muito tempo, tornar-se-ão cada vez mais pesadas, até os nossos direitos renascerem ou expirarem numa convulsão.

A consciência do valor da liberdade de expressão e das outras liberdades consignadas na Declaração de Direitos, do que acontece quando não as temos, e de como as devemos exercer e proteger, deveria constituir um pré-requisito essencial para se ser cidadão americano – ou, em boa verdade, um cidadão de qualquer país, e tanto mais quanto menos protegidos estiverem estes direitos. Se não formos capazes de pensar por nós próprios, se não estivermos dispostos a questionar a autoridade, ficamos nas mãos dos que detêm o poder. Mas se os cidadãos tiverem um bom nível educacional e souberem formar as suas próprias opiniões, os detentores do poder trabalham para nós. Em todos os países devíamos ensinar às crianças o método científico  e o interesse de uma Declaração de Direitos. Isto trará alguma decência, alguma humildade e algum espírito comunitário. No mundo infestado de demónios em que vivemos pelo facto de sermos humanos, isto pode ser tudo o que nos separa da escuridão envolvente.”

Thomas Jefferson foi o terceiro presidente dos Estados Unidos (1801-1809), e o principal autor da declaração de independência (1776) daquele país. Jefferson foi um dos mais influentes Founding Fathers (os “Pais Fundadores” da nação), conhecido pela sua promoção dos ideais do republicanismo nos Estados Unidos.

Bibliografia

SAGAN, Carl. (1998). Um Mundo Infestado de Demónios. Gradiva. Lisboa. pp. 430-433.