O Fantasma de Hitler
de
Norman Mailer
Terça-Feira, 29/07/2008
Norman Mailer nasceu em 1923 em Long Branch, Nova Jérsia. É autor de mais de trinta obras entre as quais “Os Exércitos da Noite” e “O Canto do Carrasco”, que lhe granjearam dois prémios Pulitzer. O tema Hitler foi para o autor, à semelhança de Jesus Cristo e a CIA, mais uma oportunidade de explorar, ficcionalmente, um dos acontecimentos que mais marcou o Mundo! A Segunda Guerra Mundial.
Norman Mailer morreu no dia 10 de Novembro de 2007, vítima de insuficiência renal! Foi um dos intelectuais mais famosos dos Estados Unidos.
O Fantasma de Hitler é um romance que nos revela a infância de Hitler mas, de uma forma que, deixa antever a procura incessante de factos, que possam fazer luz e explicar como se criou o “monstro”. A essência do bem e do mal é-nos intrínseca, nasce em nós e brota de nós. A sobrevivência da humanidade depende também, além de outros factores, do equilíbrio entre estas forças, sendo por isso, necessário que o bem leve a primazia sobre o mal, (ao menos, uma vez ou outra)!… Quando este equilíbrio sofre uma ruptura e o mal prevalece, aflui-nos, de imediato, ao espírito, que algo está errado! Sendo o mal um ímpeto destruidor, permite-se imaginar quão terrível seria a existência se, a natureza humana, não fosse apetrechada de condicionalismos, que visam moderar este eterno conflito. Por vezes surge alguém que consegue fintar os desígnios da natureza e, aparentemente, ao contrário dos demais, não é influenciado por qualquer condição que trave a vazão do seu instinto maléfico, resvalando, consequentemente, na contínua perpetração de actos num crescendo em maldade e horror. Foi o caso de Hitler!
O narrador é do tipo omnisciente, portanto, sabe tudo sobre as personagens, incluindo o momento da concepção de Hitler ao ponto de o revelar como produto de incesto, o que explicaria, até certo ponto, a aberração, considerando, a proximidade de parentesco e as anomalias físicas e cognitivas que daí advêm, resultantes da singular combinação dos padrões genéticos. Adolf é-nos apresentado como uma criança que nasce marcada pelo mal, apesar de muito inteligente. A relação com os irmãos e com os pais ressente-se devido á má gestão dos afectos entre os elementos da família. Adolf tem ciúmes dos seus irmãos, por isso sente prazer em maltratá-los.
O Fantasma de Hitler é um romance com 452 páginas que li com prazer! Durante a sua leitura, sorri algumas vezes, bem-disposta, pela eloquência das palavras e pelo jogo de ironia utilizado pelo narrador para caracterizar as personagens adultas! Põe a nu as suas misérias! O lado podre do ser humano! Sem dó nem piedade! Nada meigo!… Lamento muito é que esteja certo no que diz…
