Inés Da Minha Alma

Publicado por: Milu  :  Categoria: Inés Da Minha Alma

Inés
Da Minha Alma
de
Isabel Allende

Segunda-Feira, 18 de Agosto de 2008

Isabel Allende nasceu em Lima, no Peru, em 1942, não obstante ter nacionalidade chilena. Filha de diplomata e sobrinha de Salvador Allende que, em tempos, foi presidente do Chile. Antes de publicar os seus livros trabalhou como jornalista em periódicos e revistas femininas. Abandonou o Chile, com a família, rumo à Venezuela, em busca de refúgio após a morte de Salvador Allende, por altura do golpe do general Augusto Pinochet. É autora das obras “A Casa dos Espíritos”; “Eva Luna”; “De Amor e de Sombra”; “O Plano Infinito“; “Paula”; “Afrodite”; “A Filha da Fortuna“; “Retrato a Sépia”; “A cidade dos Deuses Selvagens“; “O Reino do Dragão de Ouro”; “O Bosque dos Pigmeus”; “O Meu País Inventado”; “Zorro”; “O Começo da Lenda”; “Inés Da Minha Alma” e “A Soma dos Dias”, traduzidas em 27 línguas. Detém uma brilhante carreira coroada de sucessos, facto que a torna um caso único no panorama literário contemporâneo da América Latina. É casada em segundas núpcias com um americano, vive nos Estados Unidos juntamente com os seus filhos e netos.

Isabel Allende brinda-nos mais uma vez com o seu inconfundível estilo na arte de bem escrever, desta feita com um brilhante romance épico, algo inquietante, devido à exposição do horror e crueldade exercida pelos conquistadores espanhóis, sobre os legítimos donos daquelas terras perdidas no continente Americano, os índios mapuche.
Inés uma espanhola de origem humilde, costureira de profissão, casa com Juan de Málaga, um homem belo, sonhador e ambicioso que, apesar de não prestar para o amanho de uma casa e sua família, teve pelo menos o dom, de ensinar à esposa, a arte de bem amar, mérito que esta, não se cansa de elogiar. Juan, em dada altura, decide viajar para o Peru, perseguindo o seu desmesurado sonho de riqueza. Inés, que não é mulher para esperas infinitas, não querendo viver confinada ao pequeno mundo onde nasceu, segue-lhe no encalço e imbuída pelo espírito de aventura, embarca ao encontro do marido. Após uma longa viagem recheada de atribulações, ei-la chegada à cidade de Cuzco, no Peru, onde toma conhecimento da sua viuvez. Conhece, entretanto, o espanhol Pedro de Valdivia, mestre de campo do conquistador Francisco Pizarro, com o qual vive uma intensa paixão e juntos encetam um capítulo grandioso das suas vidas, recheado de feitos que culminam na conquista e fundação do reino do Chile. Pedro de Valdivia, como não poderia deixar de ser é, então, nomeado Governador do Chile e Inês também se considera Governadora, não obstante, a legitimidade do cargo estar ferida de morte, já que Pedro tinha esposa em Espanha. Todavia, este reconhecia que, sem Inês, jamais teria logrado concretizar propósitos tão heróicos e arrojados!…  Muito ao jeito da Igreja, instituição que na altura detinha grande poder, em parte assente na infeliz ignorância e temor do povo, devido à acção da Inquisição é Inés quem, ironicamente, vem a ser acusada de adultério, apesar de ser uma mulher livre, já que era viúva. Na verdade, adúltero, era o Pedro, ele sim, era casado. É por causa destas e doutras injustiças, quiçá algumas outras, bem mais graves, que a Igreja tem, pelos vistos, muitas contas a prestar a Deus, se atentarmos aos pecados que tem cometido ao longo dos séculos!… Autênticos sacrilégios!… . Inês corre o risco de ser destituída da posse das propriedades, que lhe foram atribuídas por Pedro, como agradecimento das suas oportunas intervenções nas conquistas no Chile, é aconselhada por este, que se viu compelido a abandoná-la, a casar, para assim, regularizar a sua situação perante Deus e o povo e, por conseguinte, não perder o seu património. Rodrigo de Quiroga é o afortunado eleito que casa com Inês, pela qual já sentia, há anos, um amor platónico. Os Índios não dão tréguas na luta para expulsar quem lhes roubou a terra, as batalhas e os inacreditáveis actos de horror que nelas se praticam são constantes, repetindo-se ao longo dos anos. Pedro de Valdivia encontra a morte num destes confrontos e é Rodrigo de Quiroga que lhe sucede no cargo de Governador tornando assim Inés Suarez, sua esposa, legítima Governadora do Chile.


Fotos- Inés de Suárez e Pedro de Valdivia

Considero os livros da autoria de Isabel Allende como obras detentoras de uma considerável vertente pedagógica, porque descrevem, suficientemente pormenorizados, os lugares que fazem de cenário nas suas narrativas, além de referir os usos e costumes da respectiva população. Todo o conhecimento que detenho do Chile foi obtido através da leitura que fiz da sua obra. O contexto sociopolítico e económico do Chile, na época que mediou a presidência de Salvador Allende e as circunstâncias da sua morte, são um exemplo disso mesmo.
Inés Da Minha Alma é uma espécie de compilação de factos reais, fruto de uma apurada investigação, levada a cabo pela autora que recorreu aos escritos existentes anotados pelos cronistas da época. A interligação entre os acontecimentos é fruto da sua imaginação, já que, na ausência de documentos suficientes, a autora socorreu-se da sua própria intuição, todavia, considero que este pormenor não desvirtua a realidade histórica contida nesta obra…

Uma Mãe Irresistível

Publicado por: Milu  :  Categoria: Uma Mãe Irresistível

Uma Mãe Irresistível
de
Polly Williams

Terça-Feira, 12 de Agosto de 2008

Polly Williams é jornalista e já colaborou com as revistas You, In Style, Dased and Confused, assim como, com alguns jornais, tais como: Sunday Times e The Independent. É casada e vive em Londres com o marido e o filho. Este é o seu primeiro romance.

Este livro pretende ser uma narrativa do mundo feminino numa situação pós-parto. É por demais conhecido que, a gravidez provoca na mulher, um singular estado de espírito, que se caracteriza por uma vivência de sentimentos algo lânguidos. É necessário! Para uma gestação plena e preservação do bem-estar do bebé, a futura mãe, deve sentir-se como que a flutuar num mar sereno, ou, como é costume dizer-se, “em estado de graça”, entendendo-se aqui “graça” como “santidade”. Neste período, o que verdadeiramente conta, é o ser que vai nascer, tudo o mais adquire uma importância relativa. Mãe e filho vão dar-se um ao outro!… A transformação operada, na personalidade da mulher, deve-se à franca actividade hormonal, processada nesta altura, com o fim de a preparar para a maternidade, assim como, para os tempos que se avizinham: Noites mal dormidas ou em branco, receios e medos diversos, felizmente, quase sempre infundados. Enfim, inumeráveis canseiras!… É neste contexto que Amy, a personagem e narradora se abandona ao desleixo descuidando a sua figura o que, de certo modo, lhe provoca uma insegurança agravada devido à  inquietante dúvida acerca da fidelidade do Joe, o marido. Vive angustiada, devendo-se este mal-estar,  também, à  imprudência de se comparar com as amigas, aparentemente nada afectadas pela recente maternidade, mantendo-se bem cuidadas e entusiasmadas, exactamente por isso.

Atrevo-me a dizer que a narradora não faz mais do que uma caricatura dos acontecimentos que normalmente têm lugar neste período. Pecou por excesso! Talvez tenha sido por isso que não me ri! Achei graça, é certo, mas os meus lábios não chegaram a desenhar o esboço do sorriso que seria de esperar. Provavelmente sou eu que ando demasiado crispada, com a vida e comigo, sei lá! Gostaria, no entanto, que a narradora tivesse usado um estilo mais subtil. A pura alusão ou sugestão é, por vezes, mais eficaz!

Amy, transmite ao leitor, uma imagem pouco favorável de si mesma. Uma coisa é o desleixo habitual nesta altura, não fazer a depilação há um ror de tempo, não cuidar o cabelo, as sobrancelhas, etc. Outra coisa é um dia acordar e decidir querer fazer tudo isso num salão de beleza rasca, onde a higiene é deficitária! O “não te rales”, característico da serenidade ganha na gravidez, julgo e creio bem que, não chega a tanto!…
A forma como a narradora descreve a sua filha Evie é simplesmente sublime, tenho que o dizer! Consigo sempre imaginar os cenários descritos… Bebé é mesmo aquilo!…

Lá para o final, quando Joe abandona o lar, torna-se um livro triste, apesar de ser aqui que gostei verdadeiramente, talvez por ser  uma situação verosímil. Finalmente a personagem encontrou-se a si mesma, por um triz teria sido tarde demais, mas tal como nos filmes convém que qualquer livro tenha um final feliz!

A Filha da Abortadeira

Publicado por: Milu  :  Categoria: A Filha da Abortadeira

A Filha da Abortadeira
de
Elisabeth Hyde

Domingo, 03/o8/2008

Elisabeth Hyde nasceu em New Hampshire no ano de 1953. É licenciada em direito pela Universidade de Hastings. Após ter trabalhado como advogada em Washington, tornou-se escritora e ensinou escrita criativa em escolas públicas. Este é o seu quarto romance. Obras da autora: “Crazy as Chocolate” (2002); “Monoosook Valley” (1989); “Her Native Colors” (1986).

Ainda mal tinha lido umas parcas páginas deste livro, quando senti o impulso, de ficar por ali mesmo. No que consta a vocabulário é, a meu ver, um tanto pobre ou, então, o defeito é meu, já que, sou assaz apreciadora de uma escrita bem elaborada, estilística e “povoada” de ricos e vastos vocábulos, contudo, é de desejar que não sejam eruditos, para que a leitura se faça com a conveniente fluidez. Entretanto disse de mim para mim: Oh! Estou de férias! Avizinham-se dias perfeitos para leituras leves!… Vou ler isto!
A Filha da Abortadeira” é um romance policial, visto que envolve um crime e a investigação do mesmo. A história desenvolve-se em torno de Diana, a abortadeira e a sua filha Megan que decide ser o oposto da mãe mas sem grande convicção. No íntimo ela sabe que ambas são muito parecidas mas não está disposta a arcar com as consequências provocadas pela actividade da mãe. Diana é uma profissional de medicina, tem uma clínica onde pratica o aborto e desempenha esta actividade com o alor próprio de quem tem a firme convicção de que está a fazer o que deve de ser feito… Dar a liberdade de escolha a todas as mulheres que engravidaram, involuntariamente, para que lhes seja possível construir o seu futuro sem o entrave que, nesta situação, um filho se pode tornar. É uma mulher actual, desprovida de preconceitos e que faz da profissão a sua religião. O aborto é aqui abordado sob dois pontos de vista, antagónicos: o que é a favor e o que é contra. O primeiro faz alusão ao direito da mulher ter a liberdade de poder decidir o que fazer com o seu corpo, sobretudo se, uma gravidez indesejada significa um futuro comprometido. O segundo, por seu lado, defende que o aborto é um crime porque põe fim a uma vida, logo quem o pratica é assassino. Para incrementar, ainda mais, a condenação e repulsa, este movimento recorre ao processo de difundir pela imprensa e em sites na internet fotos de fetos, bastante chocantes. Acredito que muitas destas fotos não tenham resultado de abortos provocados, pelo menos com um feto são. No meu ponto de vista há, aliás, sempre houve, uma grande imoralidade em torno desta questão e já que cheguei a este ponto daqui lanço o repto… Porque será que chamam assassina a uma mulher que fez um aborto e não chamam assassino ao pai que está envolvido até ao tutano no mesmo acto? Não esqueçamos que muitas mulheres casadas ou a viver maritalmente fazem abortos de comum acordo com o parceiro. Se alguma coisa corre mal… Vá… Mulher para a fogueira…Daqui se pode verificar da hipocrisia com que temos de comungar diariamente. Foi por este e muitos outros motivos que fiquei hilariante quando em Portugal demos mais um passo no sentido de tornarmos a sociedade mais justa e equilibrada nos direitos que confere aos cidadãos.

Quem quer faz, quem não quer não faz!

Paz para todos!

Ámen!