QUIMERA

Publicado por: Milu  :  Categoria: Quimera

Quimera
De
Valerio Massimo Manfredi

Valerio Massimo Manfredi é professor de História do Território e da Cidade Antiga na Universidade de Bolonha. Grande estudioso do Mundo Antigo, orientou expedições científicas e escavações em muitas localidades de Itália e no estrangeiro. Tem publicado vastos artigos e ensaios sobre as civilizações da Antiguidade. É arqueólogo, investigador e topógrafo do Mundo Antigo. As suas obras, a trilogia “Alexandre, o Grande” e o romance a “Última Legião” foram alvo de excelsas adaptações cinematográficas. A sua carreira como romancista é digna de admiração.

“Quimera” é um bem concebido romance histórico arqueológico, que nos oferece uma intrigante história, fortemente adensada por um clima de mistério e temor que, em bom juízo, podemos considerar resultante dos profundos conhecimentos do seu autor, Valerio Massimo Manfredi, no domínio da antiguidade. A acção é desencadeada na localidade de Volterra na Toscânia quando Fabrizio Castellani, um arqueólogo e investigador dá início a um estudo que, tem por fim descobrir, o que se passa de anómalo na estátua de bronze, representando uma criança, exposta ao público no Museu etrusco de Volterra. Depois de ter observado umas certas radiografias da denominada, um estranho pormenor chamou-lhe a atenção! Algo se passava com aquela estátua!… Assim que obteve do superintendente regional, Nicola Balestra, uma ampla autorização que incluía poder permanecer no museu, muito para lá, do seu normal horário de funcionamento encetou, de imediato, a tão desejada esquadrinhadura! Após muitas horas de aturado trabalho, com vista a reunir todos os elementos julgados necessários à tarefa a que, tão diligentemente se propôs, eis que, vindo do escuro da noite, um longo e terrificante uivo se fez ouvir. Pareceu-lhe um lobo, melhor ainda, fosse o que fosse, parecia ser mais assustador que um lobo! De acordo com as recomendações que lhe tinham sido feitas pelo guarda do museu, apagou as luzes, ligou o alarme, fechou a porta e desandou dali para fora, não sem alguns sustos, causados pelo inusitado da situação, evidentemente! No dia seguinte foi convidado pelo superintendente para realizar com preceito as escavações de um sepulcro etrusco que, durante a passada noite, tinha sido parcialmente violado por três ladrões de sepulcros que chegaram a fazer um buraco ao remover uma placa de arenito. Um dos assaltantes encontrava-se nas imediações do local, morto e com a garganta esfacelada de tal forma que, dava a entender, ter sido obra de um animal feroz de grandes mandíbulas e na posse de umas presas que se adivinhavam descomunais! Após cuidadas e muito profissionais escavações, ao ser retirada com a ajuda de um guindaste, a tampa de pedra do sarcófago, Fabrizio Castellani sentiu nas narinas o cheiro de milénios que se desprendeu do escuro interior do sepulcro. Apontou uma lanterna e o sangue gelou-lhe nas veias! Viu um emaranhado conjunto de ossos humanos misturados com ossos de uma fera de enormes garras e uma mandíbula desarticulada, da qual saíam umas colossais presas! Um Phersu! Há cerca de dois mil e quinhentos anos um ser humano foi encerrado dentro daquele sarcófago junto com uma fera viva! Na cultura etrusca, este ritual era a punição destinada a quem cometesse um crime abominável! No caso do condenado advogar inocência era-lhe dada a oportunidade de a provar, lutando com uma fera depois de lhe ter sido tapada a cabeça e presa uma mão atrás das costas, sendo que, a mão livre empunhava uma espada. Se conseguisse salvar-se era considerado inocente, devolvido o seu bom nome e todas as condições das quais usufruía interiormente. Se pelo contrário sucumbia, o seu corpo era sepultado com a fera viva de modo que esta continuava a dilacerá-lo por toda a eternidade! Entretanto mais mortes se sucederam, nomeadamente as dos dois assaltantes, vítimas do dilacerante ataque da demoníaca fera! Terão, os três assaltantes, ao tentar abrir o sepulcro, libertado a fera nele encerrada, ou coisa que a valha? Fabrizio é um arqueólogo habituado a remexer no passado que, sabe estar enterrado e bem enterrado, ainda para mais quando nos separam vinte e cinco séculos …Sente por isso dificuldade em encontrar uma explicação racional para os recentes acontecimentos. Nega-se terminantemente a acreditar numa hipótese escorada no domínio do sobrenatural! Mas, de onde vem aquela fera cujas presas medem entre seis a sete centímetros e onde se encontra o seu covil? Numa dada conversa, levado pela força das circunstâncias, o superintendente revela ao atónito Fabrizio Castellani que, tem em seu poder uma inscrição antiga, inscrita em bronze e redigida em etrusco misturado com latinismos arcaicos, facto que possibilitou não só a sua tradução como a conclusão de que se trata de uma maldição, ou melhor seis maldições, uma por cada pedaço, além de ter concluído que, eventualmente, haverá um sétimo pedaço que terá com ele de todas, a pior maldição!… Em breve se torna perceptível que a estátua da criança, o sepulcro, a inscrição etrusca e ainda um antigo palácio se encontram relacionados, fazem todos  parte de um pavoroso drama vivido num passado longínquo, que de tão terrível terá dado  origem à maldição! Conseguirão os intervenientes nesta narrativa encontrar o sétimo pedaço da inscrição? Que conterá ela? Uma maldição terrífica ou, pelo contrário, a redenção?

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