A Fúria das Vinhas
A Fúria das Vinhas
De
Francisco Moita Flores
Francisco Moita Flores é um conhecido especialista na área da criminologia. Do seu espólio fazem parte obras de reconhecido sucesso, quer em livro quer para a televisão. É considerado pela crítica como um dos melhores argumentistas portugueses. Alguns dos seus trabalhos constituem uma excelência na ficção portuguesa, de que é exemplo o caso d’ A Ferreirinha. Este é o seu primeiro romance policial, não obstante toda a dedicação que lhe tem merecido o estudo da violência e da polícia.
A Fúria das Vinhas da autoria de Francisco Moita Flores é uma obra que nos relata uma série de acontecimentos que nos reportam para o século XIX, num cenário que envolve as vinhas do Douro, vítimas de uma terrível praga, a filoxera, que ameaçou a sobrevivência daquelas gentes cujo sustento dependia, principalmente, do venerado néctar dos Deuses, o emblemático e um dos autênticos baluartes da nação – O Vinho do Porto!
A filoxera, uma abominável praga, nunca antes vista e que parecia vinda das profundezas do inferno, ulcerava vorazmente e a eito a paisagem que dominava as margens do Douro, a riqueza de um povo que não conhecia outro modo de subsistência. O desalento e o desespero dominavam o coração da gente simples, que, desgraçadamente, assistia à morte progressiva dos extensos vinhedos, outrora tão pródigos em generosidade! O que teriam feito para merecer tamanho castigo? Porém, é nos momentos de grande crise que se descobrem os audazes! No seio da grande calamidade emergiu o talento e a força de uma figura da terra que, paradoxalmente, resistia fortemente à crise económica e de valores que grassava na malograda região e, ainda assim, conseguiu almejar cada vez mais prosperidade! A Ferreirinha! Oriunda de uma família que sempre se empenhou com bravura no desbravamento da terra, arrancando das suas entranhas os frutos por todos apetecidos!
Herdeira da alma dos seus antepassados, corajosa e destemida declarou uma guerra sem tréguas à maldita praga, apoiando a intrínseca e infinita vontade de vencer, em arrojados estudos inovadores, que viriam a revelar uma solução que tornaria as cepas invulneráveis à filoxera! Foi esta benemérita mulher, conhecida não só pelo seu vasto património mas, também, pela genuína preocupação que sempre nutriu pelos necessitados, que encabeçou a grandiosa tarefa, de moldar as mentes de um povo que teimava em preservar um saber empírico que, pertetuamente, imperou nas suas vidas! Umas estranhas mortes de jovens moçoilas, atribuídas a desusados ataques de lobos, vieram agitar ainda mais o desassossego deste povo! Vespúcio Ortigão, um bacharel, vindo recentemente de Coimbra onde cursou advocacia não esteve pelo ajustes, algo de estranho parecia envolver aquelas mortes! Estudioso e dono de uma brilhante inteligência, procurou na razão, a explicação para o insólito! O conhecimento impediu-o de se encostar à confortável justificação do mistério nas tão comuns artes de bruxaria, que proliferavam nos tempos de então. Muito menos acreditou nos ataques, tão estranhamente selectivos, pretensamente levados a cabo pelas feras! Algo de mais intrigante estaria por detrás daqueles crimes! Vespúcio Ortigão pôs fim a uma quimera popular, ao dar início a uma investigação onde, estrategicamente, tomou procedimentos considerados actualmente normais e indispensáveis numa qualquer investigação criminal!
Fevereiro 24th, 2009 as 10:59
não nutro qualquer simpatia por tal personagem…
abraço
Fevereiro 24th, 2009 as 11:27
Compreendo. Também não gosto muito de o ver naqueles programas de televisão especialmente dedicados a pessoas pouco exigentes, a rebater constantemente assuntos há muito estafados, mas que fazem as delícias do dito publico. No entanto tenho que dar valor a todo um trabalho que tem desempenhado até porque escreve bem. Tomaram muitos! Já tentei ler livros de pelo menos três autores portugueses e fui obrigada a pô-los de lado por não ter conseguido prosseguir de tantas parvoíces!
Abraço! 😀
Fevereiro 24th, 2009 as 18:31
Partilho do mesmo sentimento do amigo polidor sem que isso no entanto me iniba de lhe reconhecer valor literário. Quando ao vinhedo plantado em sucalcos nas margens do rio Douro é simplesmente maravilhosa a paisagem que revivo com muita frequência, para além de apreciar o excelente nectar que nos proporciona esta região demarcada.
Fevereiro 24th, 2009 as 18:55
Sem dúvida! A paisagem do Norte é muito bonita! Quanto ao dito cujo, o Vinho do Porto, ainda gosto mais! 😀
Fevereiro 26th, 2009 as 0:13
Já agora: a filoxera, azar para muitos, foi a sorte da região de Colares.
Como se livrou da praga, manteve as cepas, enquanto o Douro e outras regiões tiveram que plantar cepas novas.
Ora, a qualidade do vinho tem muito a ver com a idade (antiguidade) das cepas. E é então que Colares se torna uma região de vinhos famosos. Embora tb deva o prestígio dos seus vinhos ao “chão de areia”… Pena que haja pouco Colares e uma garrafa do “Chitas” nos fique por uns 50€ nos restaurantes.
A gente sofre…
Fevereiro 26th, 2009 as 13:42
Valeu mesmo a pena o seu comentário! Fiquei a saber um pouco mais! No Douro, realmente, para combater a praga optaram por fazer enxertos de bacelos em vinha americana, salvo erro! No entanto, também sou da opinião que a qualidade dos vinhos, também dependerá de diversos factores como a composição dos solos, etc.